A disposição de se abandonar a fixação generalizada sobre o tempo, é um passo em direção à cura de doenças crônicas, por meio da oração da Ciência Cristã. (É interessante notar que a palavra crônica provém da palavra grega kronos, que significa "tempo").
Talvez uma das primeiras coisas sobre as quais devemos nos conscientizar ao orar pela cura de uma doença tida como crônica, seja simplesmente: "Nós não vivemos em uma época que torna a cura pela Ciência Cristã menos provável ou, até mesmo, impossível".
Alguém talvez possa argumentar: "Mas, não é esta uma época materialista, com uma perda significativa do idealismo característico do século passado? Não teria a medicina se expandido demais e alcançado poder e autoridade na consciência humana, o que antes não tinha"?
Senti-me impelido a chegar a um acordo com essa dependência contínua, por meio da oração
Qualquer pessoa poderia responder à pergunta acima: "Sim". Mas, para esta: "Teria isso tornado a cura pela Ciência Cristã menos provável"? A resposta ainda teria de ser: "Não".
Tive uma experiência que talvez possa ajudar a ilustrar essa questão.
Há alguns anos, não conseguia deixar de notar que muitos dos meus amigos e conhecidos, que eram Cientistas Cristãos, usavam óculos ocasionalmente, até mesmo por uma questão de estilo. Naquela época, as lentes de contato ainda não haviam se popularizado.
Não que estivesse criticando meus amigos. Afinal, eu havia começado a usar óculos, porque meu primeiro emprego exigia muitas horas seguidas de leitura de textos e provas gráficas com letras bem pequenas, o que me dificultou ver de longe. Além disso, muito embora eu tivesse deixado aquele emprego específico havia muito tempo, durante quase 40 anos não havia desafiado seriamente a relação de causa e efeito que percebera entre a crescente aceitação das pessoas de que a ajuda de instrumentos materiais, tais como óculos, era cada vez mais necessária, bem como a minha própria necessidade de usar óculos. Contudo, cada vez mais me sentia impelido a chegar a vencer essa dependência contínua, por meio da oração.
Percebi que colocava meus óculos com menos frequência para enxergar de longe
Comecei afirmando que a cura da visão era inteiramente possível. Lembrava-me vagamente de que havia lido muitas curas sobre problemas visuais nas revistas da Ciência Cristã. Encontrei inúmeras delas, cujos relatos eram profundamente sinceros e inspiradores.
Depois de ponderar um pouco mais, compreendi que não haviam ocorrido muitas mudanças acerca do corpo humano e da mecânica da visão física, ao longo do tempo. Naturalmente, também nada tinha mudado a respeito dos fundamentos básicos da cura pela Ciência Cristã. Na realidade, se alguma coisa havia mudado, teria de ser meu pensamento, ou seja, a sensação de que o problema de visão é difícil de curar e é por isso que os óculos (e agora, as lentes de contato) são tão convenientes hoje em dia. É mais fácil usar lentes corretivas do que orar sobre o desafio de uma vista fraca.
Perceber isso e estar disposto a desistir da ideia de que o passar do tempo torna a doença mais real, levou-me a uma expectativa maior de cura. Gradualmente, descobri que colocava meus óculos com menos frequência para ver de longe.
A Mente é a única inteligência real do universo
Em minhas orações, começar a partir da verdade absoluta de que as faculdades da Mente e da Alma divinas não diminuem, foi de grande ajuda, como também compreender que enxergar faz parte da própria natureza de todo homem e mulher, porque somos a expressão da Mente divina que tudo vê e tudo sabe. De fato, podemos dizer: "Deus vê, portanto, eu vejo". Em pouco tempo, minha visão havia melhorado a ponto de eu poder abandonar os óculos de uma vez por todas.
A impressão de que a cura era possível na época de Cristo Jesus, mas que não é prática para o cristianismo moderno, há muito vem sendo rejeitada pelos Cientistas Cristãos. Essa rejeição foi, de fato, fundamental ao propósito da fundação da Igreja, declarado em 1879, de: "...restabelecer o cristianisomo primitivo e seu elemento de cura, que se havia perdido" (Manual da Igreja Mãe, p. 17).
Supor que a cura cristã não é mais possível na atualidade, seria compreender mal a revelação da Ciência do Cristo e o fato básico de que a Mente, que realiza a cura científica cristã, é divina, não humana. De que a Mente divina certamente não foi influenciada ou ofuscada pelas mudanças de pontos de vista da sociedade. Se estivermos profundamente absorvidos em fazer nossas próprias descobertas, de que esta Mente divina é verdadeiramente real e que, de fato, ela é tão abrangente que se constitui na única inteligência real do universo, estaremos bem menos sujeitos a ser influenciados a achar que muitas mentes e mudanças de opiniões acabaram por tornar mais difícil a cura pela oração.
A doença ou qualquer discórdia não pode ser considerada real, ou mais real, devido ao período de tempo em que ela persistir
Imaginar que vivemos em uma época em que o peso das opiniões humanas pode prevalecer sobre o poder onipotente de Deus, não significa exatamente ficar intimidado pelas teorias científicas e pela autoridade que elas pretendem possuir. Seria voltar a entreter muitos dos mesmos pontos de vista da teologia escolástica que privaram o cristianismo, durante séculos, das curas que o próprio Cristo Jesus concretizava com a orientação de que seus seguidores continuassem a realizar.
Quais são esses pontos de vista teológicos? Por exemplo, o ponto de vista escolástico de que a realidade é da forma como nós a percebemos com os sentidos, isto é, material, imperfeita e mortal, para que estejamos então em posição de tentar redimi-la ou ajustá-la. (Não foi Jesus que perguntou aos discípulos: "Tendo olhos, não vedes? E, tendo ouvidos, não ouvis?" [Marcos 8:18]). Um outro exemplo seria a conclusão escolástica de que o homem é provavelmente pecador e culpado demais para ser merecedor de ajuda ou de cura física. (Será que conseguimos imaginar Jesus empregando um vasto número de auxiliares burocráticos para obter detalhes biográficos das pessoas, antes de decidir se mereciam ser curadas?) Obviamente, nenhum desses pontos de vista escolásticos é inspirativo ou realmente contribui para a cura. Contudo, qualquer que seja a forma sutil sob a qual esse ponto de vista escolástico venha ao pensamento, Cristo, a Verdade, tem o poder implícito de expô-lo e destruí-lo!
Curas rápidas e instantâneas podem ser inspiradoras e instrutivas ao expor a natureza da doença como ilusão, como também a cura de doenças crônicas mesmo que talvez tentemos justificá-las como sendo reais e substanciais. Entre as curas obtidas somente por meio da oração, de problemas crônicos que amigos têm me relatado em anos recentes, estão as de catarata, problemas de tireóide, efeitos posteriores de fratura tura no braço, depressão contínua, esquizofrenia homicida, problemas cardíacos, cistos com 20 anos de duração, e os ameaçadores e latentes sintomas da menopausa.
Se percebermos que uma enfermidade física vem se prolongando durante muito tempo e que resta pouca esperança de que possa ser curada, nós não somente estaremos duvidando do poder da oração, mas também tendo fé na autoridade e no poder do tempo. Essa é uma fé infundada.
Obtemos, por meio de nossas experiências comuns, alguns sinais da natureza relativa do tempo. O mesmo período de tempo, dependendo do nosso próprio ponto de vista e atitude no momento, pode ser exaustivo e desgastante ou pode parecer que passa rapidamente, de forma inexplicável. Pensemos, por exemplo, como podemos nos sentir ao ficarmos presos, durante meia hora, em um trânsito pesado, em contraste com uma maravilhosa visita de meia hora que fazemos a um amigo muito querido.
A doença ou qualquer discórdia não pode ser considerada mais ou menos real devido ao período de tempo em que ela persistir. Nem pode o tempo que dedicamos a lidar com um problema justificar o desânimo. Pensava nisso frequentemente, quando observava um amigo desfrutar de suas alegres caminhadas de manhã e à tarde, entre sua casa e o escritório, após ter sido curado de uma doença crônica que o deixou confinado ao leito por um período de dez anos.
Estamos sentindo que fizemos o máximo que podíamos e, portanto, merecemos ver a cura?
A cura se manifesta quando não estamos medindo nosso progresso rumo à saúde, de acordo com o registro de tempo da mente humana, ou seja, dias e noites que se sucedem uns aos outros, mas sim quando estamos envolvidos e empenhados em compreender a radiação da Vida divina que é Deus, o Espírito.
Ciência e Saúde, no capítulo "Glossário", define: "Dia. A irradiação da Vida; luz, a ideia espiritual da Verdade e do Amor.
'Houve tarde e manhã, o primeiro dia' (Gênesis 1:5). Os objetos do tempo e dos sentidos desaparecem na iluminação da compreensão espiritual, e a Mente mede o tempo de acordo com o bem que se desdobra. Esse desdobramento é o dia de Deus, e 'já não haverá noite' " (p. 584).
Como praticistas da Ciência Cristã, ou como pacientes, estamos sentindo que nosso conhecimento de Ciência Cristã já é extenso, mas não está funcionando do modo que costumava acontecer? Estamos sentindo que fizemos o máximo que podíamos e, portanto, merecemos ver a cura? Talvez devamos responder honestamente a pergunta que Mary Baker Eddy propôs em Ciência e Saúde: "Todos temos de aprender que a Vida é Deus. Pergunta-te: Estarei vivendo a vida que se aproxima do bem supremo"? (p. 496).
No momento de maior desespero, é possível sentir algo que essa mente limitada não consegue imaginar
Mary Baker Eddy exorta-nos a não sermos simplesmente pessoas boas, mas a nos aproximar "do bem supremo", vivendo cada vez mais a maravilhosa verdade de que Deus é a nossa vida.
Próximo à pergunta mencionada acima, em Ciência e Saúde, aparece o título marginal: "Condição para o progresso". Podemos, inicialmente, ler esse título marginal como realçando o ponto de que o progresso seja condicional. Contudo, um significado mais profundo aparece quando nos lembramos que existe uma lei que impulsiona o progresso, que é a lei de Deus. Portanto, o verdadeiro progresso não reside tanto no sentido de se lidar com ele gradualmente para termos um ponto de vista diferente. A compreensão de que nossa vida é algo notavelmente diferente daquilo que pensamos que seja, que na verdade Deus é a nossa Vida e expressa nosso ser, é a condição espiritual de pensamento que impulsiona o progresso.
Seria isso demasiado difícil de se alcançar com relação a alguém que esteja lutando contra uma doença crônica? Alguns talvez digam que sim. Também poderíamos concordar que possa ser assim, se dependesse da mente humana enfrentar essa luta sozinha. Em realidade, no momento de maior desespero, é possível sentir algo que essa mente limitada não consegue imaginar.
A luz da compreensão espiritual penetra a obscuridade do pensamento mortal
As "hostes de anjos" da Bíblia, isto é, as ideias verdadeiras que fluem da Mente e do Espírito infinitos, fazem com que apareçam o progresso humano e a esperança de cura, como se fosse um irreprimível amanhecer. Conforme nos prometeu Mary Baker Eddy: "...o caminho se tornará cada vez mais claro 'até ser dia perfeito' " (Ciência e Saúde, p. 496).
Uma das razões pelas quais a preocupação com o tempo não é benéfica é o fato de que ela faz com que nos concentremos no passado, com remorsos, com nossa história pregressa e com seus problemas, quando o passado não tem nenhuma relação com o presente. O que é plenamente importante para nós é que Deus, sendo a Causa única, produz o efeito de renovação da vida, que é um tema tão frequente no Novo Testamento.
A mente mortal, que é uma forma de magnetismo animal ou ilusão mesmérica, diz: "Você é humano, portanto, vários fatores podem limitar o bem que você espera da vida, possivelmente seus próprios pecados de outrora, sua idade, o tempo de uma doença, a época em que vivemos".
Mas a grande descoberta e a grande revelação da Ciência do Cristo dizem: "Ao contrário, devido à maravilha de um Deus infinito e amoroso, você tem saúde e acesso ao bem ilimitado agora"!
