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Matéria de capa

A religião do Amor

Da edição de maio de 2012 dO Arauto da Ciência Cristã

Christian Science Sentinel


Os jornais aqui da Grã-Bretanha têm publicado muitas reportagens com manchetes sobre crimes praticados por adolescentes usando armas de fogo. Paralelamente, um grande debate acontece a respeito do crescente armamento e das lutas entre as gangues de jovens no Reino Unido. Outro assunto que tem causado muitos comentários, conhecido aqui como: “hoodies”, refere-se a jovens que usam moletons com capuzes, mas não com o propósito de se manterem aquecidos. O capuz esconde seus rostos para que as câmeras de segurança não possam capturar sua fisionomias.

Caso tenha uma imaginação fértil, essas manchetes podem abalar sua paz de espírito, especialmente no caso de mulheres que precisem viajar tarde da noite sozinhas em trens, cujos vagões ficam quase vazios, ou mesmo se necessitam andar pelas ruas e vielas escuras de Londres, como frequentemente acontece comigo em meu trabalho.

Certa noite, há alguns anos, eu estava a caminho para uma reunião com os membros de uma igreja, a fim de organizar uma palestra que seria patrocinada por essa igreja, localizada em uma rua em um bairro residencial, onde anteriormente os membros tiveram problemas com jovens agressivos, vandalismo e traficantes de drogas.

De fato, sabia que durante um ano inteiro essa igreja acolhera ativamente, em seus pensamentos e em suas orações, os jovens de sua comunidade. Essa igreja também havia transformado o final da rua, próxima a becos escuros, em um local mais seguro para a vizinhança, com a instalação de luzes de segurança.

Eu podia ouvir meninas gritando

Naquela noite, enquanto caminhava por essa longa rua, podia ouvir um grupo de “hoodies” brigando, e algumas garotas gritando e tentando separar a briga. Estava mentalmente distante, orando pela comunidade onde iria dar a palestra.

O barulho dos gritos e da luta acionou um “alarme” em minha mente e interrompi minhas orações. Honestamente, confesso que fiquei apavorada. Também não consegui mais recuperar a paz de espírito que sentia momentos antes. Atravessei para o outro lado da rua, onde havia muitos carros estacionados, pois esperava que, passando para o outro lado, escaparia sem ser vista.

Mas, a luta parecia me seguir ao longo do caminho. Em seguida, um carro parou. Duas mulheres, que pareciam tudo, menos fortes, desceram do carro. Uma delas puxou sua cadeira de rodas para fora do carro, bem no meio dos jovens que ainda estavam lutando e sentou-se nela, parecendo completamente serena e à vontade entre eles!

A luta parou quase que instantaneamente, e eles apenas deram a volta em torno dessa senhora de forma inofensiva. Ela estava totalmente em paz e à vontade com eles, nem um pouco incomodada com suas aparências assustadoras. Fiquei cheia de admiração. Gostaria que eu tivesse sido capaz de ficar firme e impassível entre eles de forma destemida, quando haviam se aproximado de mim de forma ameaçadora, no local sombrio da igreja.

Ela estava totalmente em paz e à vontade com eles, nem um pouco incomodada com suas aparências assustadoras. Fiquei cheia de admiração.

Mais tarde, durante a reunião, aquelas mulheres me contaram como trabalham com os jovens e o quanto elas os amam. Elas nunca são incomodadas por eles, e eles sempre as respeitam. Os membros da igreja me mostraram uma reportagem sobre aquele grupo no jornal e como haviam orado pela comunidade. Aqui estava um exemplo de uma comunidade inteira de sanadores praticando e vivenciando suas orações. Fui embora muito pensativa.

No trem de volta para Londres, tinha todo o vagão só para mim. Enquanto orava e refletia sobre o que os membros da igreja haviam me contado sobre o quanto amavam cada um daqueles jovens, entraram no vagão dois rapazes completamente bêbados e barulhentos. Sentaram-se no final do vagão, e eu estava tão absorta com as novas perspectivas que me foram apresentadas naquela noite que, no início, não fiquei com medo deles. Entretanto, logo eles começaram a incomodar uma garota que também entrara no mesmo vagão. Ela mudou de vagão e eu automaticamente guardei meu laptop e celular.

Um dos rapazes desceu na estação seguinte, e o outro começou a caminhar na minha direção com o que parecia um sorriso ameaçador. Comecei a imaginar todo tipo de cenário. Mas, de repente, ouvi de novo em minha mente as vozes das duas mulheres dizendo: “Oh, nós apenas os amamos, queremos abraçá-los e dizer-lhes: Nós amamos vocês”.

Era como um filme passando em câmera lenta

Bem, a cena que eu contemplava ali não era nada acalentadora. De repente, um milhão de pensamentos e orações passou pela minha mente enquanto o rapaz caminhava em minha direção. Como um filme passando em câmera lenta, tudo pareceu parar.

A Lição Bíblica daquela semana (que se encontra no Livrete Trimestral da Ciência Cristã) falava sobre o tema: “Mente”, um dos sinônimos para Deus. Nela, havia estudado esta passagem de Ciência e Saúde: “Tudo é Mente infinita e sua manifestação infinita, porque Deus é Tudo-em-tudo” (p. 468).

Naquele momento, recorri ao Amor divino e compreendi que tudo é Mente infinita e sua manifestação infinita. Esse homem que estava caminhando em minha direção era a manifestação da Mente infinita de tudo o que é bom, completo e puro. Ele e eu compartilhávamos essa Mente única, Deus, e nós compartilhamos esse momento sagrado com nosso Pai-Mãe Amor.

Percebi que, de um ponto de vista espiritual, o único movimento naquele exato momento, estava ocorrendo na Mente infinita, e que estávamos nos movendo em total harmonia um com o outro. Eu não poderia prejudicá-lo, pensando que ele estivesse fora dessa Mente e que tivesse uma mente própria, separada. Nem poderia eu vê-lo se movendo fora de Deus, fazendo parte de outra criação. Compartilhávamos o mesmo movimento de pensamento e existência.

Ambos existíamos nessa única Mente infinita

Estava grata porque ele estava ali e por saber que ele, naquele mesmo momento, era uma bênção para mim, porque ambos existimos nessa única Mente infinita, e somos a manifestação infinita de amor, harmonia e paz nessa Mente.

De repente, ele parou de caminhar e sorriu de forma simpática para mim. O olhar ameaçador havia deixado sua face. Sorri de volta para ele. Ele apanhou um jornal que estava em um assento e começou a lê-lo.

Quando cheguei em casa, abri um e-mail que um membro da igreja havia me enviado. Durante nossa reunião naquela noite, eles compartilharam os resultados gratificantes que haviam obtido como efeito da oração em prol da comunidade, naquele ano. Era isto que o jornal local relatava:

“A criminalidade está diminuindo”

“As taxas de crimes violentos e de assassinatos estão caindo em Waltham Forest em comparação com o ano passado, de acordo com os últimos dados da polícia local.

Os números mostram que ocorreram 6.218 crimes violentos no município nos 12 meses, até dezembro de 2006, um decréscimo de 10,5 por cento em comparação com o mesmo período em 2005.

A taxa de assassinatos está abaixo de 42,9%, e houve também diminuição nos casos de roubo, assalto e crime com arma” (Waltham Forest Guardian, 08 de fevereiro de 2007).

Comprovei a eficácia das orações da igreja. As orações dos membros haviam me protegido de causar danos a mim mesma naquela noite no trem, ao me lembrarem de ver o homem perfeito, criado à imagem de Deus. Suas orações estabeleceram para mim um padrão a ser alcançado, uma visão inteiramente nova dessa religião do Amor.

Havia planejado compartilhar ideias sobre a palestra que eu daria na igreja deles. Em vez disso, eles foram meus professores, e quando saí de lá havia aprendido o que se exige para ser uma comunidade de trabalhadores que pratica a religião do Amor.

Artigo publicado originalmente na Christian Science Sentinel.

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