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Matéria de capa

Diversidade espiritual em um ecovilarejo escocês

Da edição de maio de 2012 dO Arauto da Ciência Cristã

The Christian Science Journal


Vivíamos juntos em um ecovilarejo localizado nas Terras Altas da Escócia, encravado na encosta elevada de uma montanha na face sul, com vista para um extenso lago que refletia o céu. Estávamos estabelecendo uma comunidade alternativa, trabalhando no sentido de construir uma vida autosustentável e com desperdício zero.

Esse foi nosso lar durante alguns meses, para mim, e outras pessoas, independentemente de, na ocasião, minha identidade estrangeira estar definida não pela cidadania, mas em função de minha natureza ascética. Desde que me formara na faculdade, andava errante por várias partes do globo, refugiando-me na solidão humana e nas paisagens selvagens. Minha identidade espiritual haiva se tornado um tanto obscura devido à estrita observância dos ideais de Henry David Thoreau [Filósofo americano, criador de um estilo de vida não-conformista e individualista, precursor do desenvolvimento de uma consciência ecológica e do movimento verde – Wikipédia]. Eu interpretava erroneamente individualidade como não-conformismo, e essa não-conformidade como resistência às influências sociais.

Em vez de me identificar com verdades espirituais insondáveis, eu aceitava o quadro humano material como se fosse a identidade verdadeira. Ao me mudar para o ecovilarejo, buscava encontrar companheiros ambientalistas com quem pudesse me identificar. Com o tempo, acabei descobrindo uma identidade espiritual ilimitada.

O projeto de uma vida ecologicamente centrada ficou evidente desde o início. A comunidade demonstrou ser uma força progressiva, semelhante a uma mistura de qualidades multiplicadoras que adquiriam impulso, conforme eram ensinadas e assimiladas. Mas, tendo crescido na Ciência Cristã, o que ficou claro para mim, ao longo do tempo, é que a comunidade se torna inviável, se for composta apenas de motivação masculina e objetivos femininos. Tal como a Vida não serve aos interesses da rivalidade e do ódio humanos, nem ajuda com sua sagrada destra em uma batalha, enquanto houver derramamento de sangue, assim também nossa identidade não é dogmática ou dicotômica, mas inteiramente divina.

A Vida declara a comunidade não como uma fina coleção de seres humanos, mas como uma comunhão com a Mente única

Tanto minha preocupação com as relações humanas com o planeta, quanto minha compreensão da lei espiritual da Vida, levaram-me a mergulhar mais profundamente no relacionamento entre ambas. Embora invisível, até mesmo para os sentidos físicos mais astutos, a Vida declara a comunidade não como uma fina coleção de seres humanos, mas como uma comunhão com a Mente única.

As pessoas reunidas naquele ecovilarejo eram provenientes de todas as partes do mundo e representavam uma vasta gama de faixas etárias, todas com seu próprio conjunto de habilidades especiais ou de interesses particulares. Por toda a propriedade, de aproximadamente 600.000 metros quadrados, projetos inovadores estavam em andamento. Um jovem peruano ensinava a construir paredes de pedras. Uma senhora dinamarquesa ensinava a construir uma tenda feita de feltro. À medida que nossas habilidades se aperfeiçoavam, enquanto desfrutávamos da companhia de pessoas criativas, nossa individualidade se ampliava quando usufruíamos da força da comunidade.

É bastante fácil nos conscientizarmos de uma ampla família humana, enquanto passeamos pelos silenciosos jardins de um ecovilarejo. Mas, o que dizer de uma cidade movimentada? Ou de uma nação com políticas divergentes? Ou ainda de um mundo repleto de conflitos aparentemente intermináveis? Se passarmos um momento sintonizados ao noticiário da mídia poderá ser difícil nos lembrarmos do que Mary Baker Eddy disse: “Como parte ativa de um todo estupendo, a bondade identifica o homem com o bem universal” (The First Church of Christ, Scientist, and Miscellany [A Primeira Igreja de Cristo, Cientista, e Vários Escritos], p. 165).

A unidade já existe e nunca cessará de existir. É a partir dessa unidade intrínseca que a diversidade se multiplica

Mas, em meio a toda confusão, quase convincente, de uma família humana desconectada, a Vida, para sempre indivisível, não faz nenhuma concessão à separação ou divisão. A comunidade é bem mais expansiva e abrangente do que dicotomias políticas, fronteiras nacionais ou interesses, quer sejam humanitários ou não. Como um defensor de direitos ambientais, no sentido de que a vida planetária tem um valor intrínseco, independentemente de seu valor para os humanos, posso compreender a importância da inclusão de qualquer parte ou partícula. Derrubem uma floresta e sintam os efeitos do outro lado do mundo, algumas décadas mais tarde. O mesmo vale para a assim chamada comunidade humana. A comunidade se une e se fortalece, quando compreendida como uma verdadeira comunhão. A raiz latina da qual a palavra comunidade deriva: communitas (cum significa “com/juntos” e munus significa “presente”, “dádiva”) inclui todos e tudo como um presente. Coletivamente, somos o melhor presente que pode haver, conforme esta passagem de Ciência e Saúde o coloca: “Com um só Pai, isto é, Deus, toda a família humana consistiria de irmãos; e com uma Mente só, ou seja, Deus, ou o bem, a fraternidade dos homens consistiria de Amor e Verdade, e teria a unidade do Princípio e o poder espiritual que constituem a Ciência divina” (pp. 469-470).

Quer seja um pequeno ecovilarejo nas distantes Terras Altas da Escócia, um distrito comercial de uma grande cidade metropolitana, ou a plataforma política de uma poderosa nação, o Amor e a Verdade permanecem imutáveis e incontestáveis. A unidade já existe e nunca cessará de existir. É a partir dessa unidade intrínseca que a diversidade se multiplica.

Com essa compreensão, concluí que a diversidade torna as coisas mais fortes as diferenças mais resolutas. Sob um poder espiritual todoabrangente, que é a Mente e a Vida, a individualidade está longe de ser perdida. Ao contrário, ela se multiplica da mesma forma que o amor se multiplica. Ela contribui para algo muito maior do que qualquer atividade humana possa imaginar.

Concluí que cada um de nós tem uma identidade espiritual ilimitada. Percebi que minha própria identidade não era definida pela solidão de pensamento, ao qual havia anteriormente empenhado toda minha fé. Ao contrário, esse pensamento se abriu novamente para incluir todo o valor do mundo, expandindo-se ainda mais com possibilidades infinitas.

O Amor e a Verdade não têm forma; não conhecem nenhum limite entre o humano, a terra, o mar e o céu. Sob a tutela do Amor e da Verdade, a família humana e todas as criaturas não têm nenhuma escolha, a não ser solucionar as diferenças, nenhuma outra possibilidade senão, por meio da diversidade, unificarem-se espiritualmente.*

Artigo originalmente publicado na The Christian Science Journal.

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