“Como adeptos da Verdade, tomamos a Palavra inspirada da Bíblia como nosso guia suficiente para a Vida eterna”.
Primeiro artigo de fé da Ciência Cristã, Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, p. 497.
Em Ciência e Saúde, Mary Baker Eddy resumiu a teologia da Ciência Cristã em seis “pontos importantes, ou artigos de fé” (ver p. 497). Nas edições dO Arauto temos analisado em profundidade cada um desses artigos de fé.
Na p. 18 da edição de outubro de 2011, publicamos sobre o quinto artigo de fé e em janeiro de 2012 começamos a publicar os artigos de fé em ordem decrescente, começando com o sexto. Agora, terminamos a série com a publicação do primeiro artigo.
Há alguns anos, uma visita a uma classe de Escola Dominical para adultos em uma denominação protestante mostrou-me, pela primeira vez, o quão radical, embora universal, é o primeiro artigo de fé da Ciência Cristã. Participei de um painel interdenominacional patrocinado por aproximadamente 250 cristãos sinceros, e o moderador convidou cada um de nós a fazer uma exposição de dez minutos sobre nossa teologia.
Ao ouvir vários eloquentes oradores, todos clérigos treinados, fiquei receosa de que nossa teologia de cura pudesse soar demasiadamente diferente. Então, de repente me lembrei dos Artigos de Fé! Quem mais poderia formular a teologia da Ciência Cristã de forma mais esclarecedora do que sua própria Descobridora? Portanto, em um improviso, comecei minha explanação lendo todos os seis artigos de fé.
Após o primeiro artigo de fé: “Como adeptos da Verdade, tomamos a Palavra inspirada da Bíblia como nosso guia suficiente para a Vida eterna”, houve um profundo silêncio. Muitos concordaram acenando com a cabeça em sinal de aprovação. O papel central das Escrituras na teologia da Ciência Cristã claramente os surpreendeu e causou impacto. Eles ouviram, com a mente aberta, os cinco artigos de fé, artigos esses que analisam, em profundidade, os conceitos bíblicos fundamentais sobre Deus, Cristo, Espírito Santo, pecado e reconciliação, a crucificação e ressurreição de Jesus e a Regra Áurea. Quando terminei, uma base sólida de pontos de consenso fora estabelecida, e o grupo estava pronto para ouvir como aplicar essas verdades, fundamentadas na Bíblia, em ações práticas de compaixão e cura.
Os leitores diziam que o livro era verdadeiramente sua “chave” para a Bíblia
Creio que o mundo, como aquela classe de Escola Dominical que mencionei, está somente começando a compreender a maneira profunda pela qual o livro de Mary Baker Eddy, Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, está revolucionando a compreensão da humanidade a respeito da Bíblia. Desde sua primeira publicação, em 1875, os leitores diziam que o livro era verdadeiramente a “chave” para a Bíblia. As últimas 90 páginas de Ciência e Saúde nos introduzem a uma galeria desses primeiros Cientistas Cristãos. Um deles escreve: “Eu havia sido uma estudante da Bíblia durante vinte e oito anos, mas quando comecei a ler Ciência e Saúde em conjunto com a Bíblia, fiquei curada em menos de uma semana” (p. 659). Alguém curado de dispepsia afirma: “A Bíblia tornou-se para mim uma nova revelação e posso lê-la com muito mais compreensão, graças à luz que recebi mediante a leitura de Ciência e Saúde” (p. 680). Outra pessoa confessa: “A Bíblia é um livro novo para mim” (p. 688).
As Escrituras também pareceram “novas” para a autora de Ciência e Saúde! Na verdade, ela estava lendo uma das curas de Jesus na Bíblia, quando, de repente, seus olhos enxergaram muito além das palavras impressas na página; eles vislumbraram a Palavra e o fato eterno de que Deus constituía sua verdadeira Vida e existência. Com isso, ela se levantou de um quadro que muitos pensavam ser seu leito de morte, mais saudável do que havia estado em toda sua vida.
“Como adeptos da Verdade...”
Depois dessa extraordinária cura, não admira que Mary Baker Eddy tenha mergulhado em uma intensa pesquisa da Bíblia para compreender como havia se recuperado. Durante toda sua vida, as Escrituras a haviam inspirado e a ajudaram a suportar tragédias e problemas crônicos de saúde. Mas essa cura a introduziu em um novo território. Foi claramente um encontro com o Cristo eterno.
Abandonada pelo seu segundo marido e sem dinheiro, ela passou a viver reclusa, mudando-se de pensão em pensão, à medida que incansavelmente talhava uma base firme na Verdade. Ela pesquisou detalhadamente o Gênesis e o Apocalipse, derramando sua inspiração sobre centenas de páginas repletas do que ela mais tarde chamou de “balbucios infantis acerca da Verdade” (ver Ciência e Saúde, p. ix).
A Ciência Cristã é o Consolador prometido por Jesus. É a Verdade divina!
Firmemente, com a Bíblia como seu único “livro-texto” e “autoridade”, os contornos da Verdade suprema tomaram forma no pensamento da Sra. Eddy. “As Escrituras foram iluminadas”, explicou ela depois em Ciência e Saúde (ver pp. 110 e 126). Cada página da Bíblia afirmava-lhe que Deus, o Espírito, é Tudo, e está acima de tudo, para sempre. “O fato central que a Bíblia apresenta é a superioridade do poder espiritual sobre o poder físico”, escreveu ela (Ibidem, p. 131).
Mas quais foram as implicações desse fato? Em síntese, a cura. Esse foi o “Princípio” que explicou as curas de Jesus, e todos os outros triunfos registrados na Bíblia. Essa lei divina, ou Ciência do Cristianismo, tornou essas vitórias passíveis de serem repetidas agora e sempre!
Não se trata apenas do fato de que a Ciência Cristã esteja firmemente plantada sobre fundamentos judeu-cristãos (e ela está!). Mary Baker Eddy intrepidamente declarou: “Eu aceito sem reservas que a Ciência Cristã... contém toda a verdade das Escrituras...” (The First Church of Christ, Scientist, and Miscellany, p. 299). Isso cumpre a profecia bíblica. É o Consolador prometido por Jesus. É a Verdade divina!
Ler a Bíblia, a partir de um ponto de vista meramente material, histórico ou doutrinário, significa não compreender seu significado científico
Portanto, desde a fundação de sua Igreja em 1879, ela estabeleceu como seu primeiro artigo de fé um comprometimento para com a Bíblia como o caminho para a salvação. “Como adeptos da Verdade, tomamos as Escrituras como nosso guia para a Vida eterna”, como se lia originalmente o artigo de fé (“Tenets and Covenant” [Artigos de Fé e a Promessa Divina], 1879). Desse momento em diante, os Cientistas Cristãos têm se empenhado consistentemente para serem leais “adeptos da Verdade”, que “se atêm” à Verdade como seu barco salva-vidas, mesmo nas águas mais tempestuosas.
“Tomamos a palavra da Bíblia...”
Tal como uma noiva ou um noivo “aceita” o outro para ter e conservar, assim também os Cientistas Cristãos abraçam a verdade da Bíblia firmemente, ao seguirem uma vida de cura. Mas, isso exige discernirmos a “Palavra inspirada”, ou o significado espiritual das Escrituras. Isso significa irmos além da superfície do significado literal, para lermos o texto através das lentes do Cristo, a Verdade, convencidos da “superioridade espiritual sobre o poder físico”. De fato, ler a Bíblia a partir de um ponto de vista meramente material, histórico ou doutrinário, significa não compreender seu significado científico e, até mesmo, perder o poder de curar. “Se suprimires a significação espiritual das Escrituras”, adverte Ciência e Saúde, “essa compilação não poderá fazer pelos mortais mais do que fazem os raios da lua para derreter um rio de gelo” (p.241).
Ciência e Saúde, no entanto, proporciona ao mundo um roteiro para interpretar as Escrituras espiritualmente, em especial na sua “Chave das Escrituras”, que inclui os capítulos sobre o “Gênesis” e “O Apocalipse”, bem como um Glossário com termos bíblicos. Ao todo, o livro contém mais de 800 citações diretas das Escrituras, além de inumeráveis referências e paráfrases da Bíblia.
Um exemplo fundamental: Ciência e Saúde traz uma nova e vasta dimensão para o conceito bíblico de Deus. Tanto no século XIX como hoje, muitas pessoas recuaram ante o tradicional conceito de Deus como “Pai”, às vezes benevolente, às vezes irado e vingativo. Portanto, a autora introduz o amoroso termo “Pai-Mãe” em sua interpretação da Oração do Senhor [Pai Nosso] (p. 16). O Glossário oferece esta “interpretação metafísica” magnífica e compacta de Deus, a qual tem o objetivo de restaurar o significado “original” da palavra nas Escrituras: “DEUS. O grande EU SOU. Aquele que tudo sabe, que tudo vê, que é todo-atuante, todo-sábio, a tudo ama, e que é eterno; Princípio; Mente; Alma; Espírito; Vida; Verdade; Amor; toda a substância; inteligência” (p. 587).
Todos nós somos criados para sermos bons e sem pecado
Mary Baker Eddy jamais quis mudar a Bíblia, mas simplesmente fazer com que a luz do senso espiritual resplandecesse em todas as suas páginas, sem exceção. Quando uma aluna certa vez protestou: “Mas existem coisas assustadoras na Bíblia”, ela respondeu: “Posso chegar a ponto de afirmar a mim mesma, em linguagem bíblica, que 'nos pontos menos agradáveis encontro mais abundante beleza' ” (Annie Knott, “Memorandum”, 19 de novembro de 1931, Reminiscências, The Mary Baker Eddy Library [Biblioteca Mary Baker Eddy]).
Eddy levou a sério os conceitos sobre a Bíblia que estudiosos haviam considerado, durante séculos, como quase irrelevantes para a vida contemporânea. Por exemplo, que todos nós somos criados para sermos “bons” e sem pecado, ou seja, à própria “imagem” e “semelhança” de Deus, com “domínio” sobre toda forma de mal (ver Gênesis 1:26–31). Também, que o apelo de Jesus aos seus discípulos imediatos se aplica aos seus seguidores de todas as épocas: “Curai enfermos, ressuscitai mortos, purificai leprosos, expeli demônios; de graça recebestes, de graça dai” (Mateus 10:8).
Visto que Ciência e Saúde oferece um farol de luz que transmite iluminação inspirada sobre toda a Bíblia, os dois livros precisam ser estudados juntos, como o “pastor dual neste planeta, de todas as igrejas da denominação da Ciência Cristã” (Miscellaneous Writings 1883-1896, p. 383). Juntos, eles pregam em todos os cultos da igreja da Ciência Cristã, em todas as Lições Bíblicas, em todas as publicações da Igreja. Juntos, eles falam intimamente com cada leitor, iluminando até mesmo nossos momentos mais obscuros.
“Como nosso guia suficiente para a Vida eterna”
Como podemos saber se realmente estamos nos conectando com a “Palavra inspirada da Bíblia”? Porque essa Palavra nos estimula. Ela nos transforma e nos reforma para melhor. Cada vez mais, percebemos em nós mesmos e nos outros os filhos e filhas “bons” e perfeitos de Deus. O Espírito Santo nos anima com um dinamismo incontrolável para sermos sanadores cristãos. Quando fazemos a nós mesmos esta pergunta que consta do Hino de Comunhão, de Mary Baker Eddy: “Sentes de Deus [da Palavra] o poder?” (Hinário da Ciência Cristã, 298), podemos honestamente responder: “Sim”!
A maneira exata de expressar as palavras das traduções da Bíblia era relativamente sem importância para a Descobridora da Ciência Cristã. A verdadeira “tradução”, ela sabia, acontece em nossa vida. “Aprendi com o Espírito a ter pouco interesse nas revisões da Bíblia”, escreveu ela a um aluno. “Nada a não ser Deus, o Bem, o Amor divino, pode apropriadamente revisar a Palavra em nosso ser, quando somos transformados pela renovação do Espírito” ([destinatário desconhecido] L14343, 20 de maio de 1896, The Mary Baker Eddy Collection [Coleção Mary Baker Eddy]).
As exigências desta época estão nos impulsionando a alcançar novos níveis de demonstração da verdade das Escrituras
Hoje somos chamados a ser intérpretes da Bíblia dessa forma. O que se viveu e foi provado no último século, ou mesmo na última semana, não é o bastante para o agora. As exigências desta época nos impulsionam a alcançar novos níveis de demonstração da verdade das Escrituras, para “obras maiores” que Jesus sabia que o Consolador capacitaria seus seguidores a realizar (ver João 14:12). “Eu antevejo e digo de antemão”, escreveu Eddy, “que cada época de progresso da Verdade será caracterizada por uma compreensão mais espiritual da Bíblia, o que mostrará a marcante consonância das Escrituras com o livro-texto da Ciência Cristã a respeito da cura pela Mente, ‘Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras’” (Miscellaneous Writings, pp. 36–364).
Mas essa aceitação mais universal da “Palavra inspirada” será difícil de ser conquistada. “Haverá maior oposição mental ao significado espiritual e científico das Escrituras do que jamais houve desde que a era cristã começou” (Ciência e Saúde, p. 534). Essa oposição pode ser enfrentada, e derrotada, somente por meio da nossa vida de curas.
O primeiro artigo de fé permanece como consequência do comprometimento fundamental dos Cientistas Cristãos em viver uma vida como essa. Nunca esquecer que a Palavra inspirada é plenamente “suficiente” para conduzir a humanidade para sempre. Então, unidos, seguimos essa Palavra quando “nós emergimos suavemente para a Vida que é eterna” (Message to The Mother Church for 1901 [Mensagem para A Igreja Mãe para 1901], p.10.*
Artigo publicado originalmente na edição de novembro de 2011 de The Christian Science Journal.
