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REFLEXÃO

Viver o amor do Cristo

Da edição de maio de 2012 dO Arauto da Ciência Cristã

The Christian Science Journal


“Cristo Jesus, o Modelo. Aquele que inaugurou a era cristã é o Modelo na Ciência Cristã. Uma comparação irrefletida ou uma alusão irreverente a Cristo Jesus são atos anormais por parte de um Cientista Cristão e lhe são proibidos. Quando for necessário mostrar o grande abismo existente entre a Ciência Cristã e a teosofia, o hipnotismo ou o espiritismo, deve-se fazê-lo, sem, todavia, usar de palavras duras. O sábio diz: ‘A resposta branda desvia o furor'. Por mais maltratado e caluniado que sejais pelas igrejas ou pela imprensa, não empregueis, em revide, invectiva violenta, e fazei o bem aos vossos inimigos sempre que a oportunidade se ofereça. Um desvio desta regra inabilita o membro a desempenhar uma função na Igreja ou no Conselho de Conferências, torna-o passível de penas disciplinares, e expõe-no a ser desligado de A Igreja Mãe”

— Mary Baker Eddy, Manual dA Igreja Mãe, Artigo 8°, § 3°.

Como devemos comparar e contrastar a Ciência Cristã com as diferentes tradições religiosas ou filosofias que outras pessoas professam? Como devemos reagir às críticas à Ciência Cristã?

Essas questões estão abordadas no Manual dA Igreja Mãe, no Artigo “Cristo Jesus, o Modelo” (p.41). Primeiro, esse Artigo visa assegurar que os Cientistas Cristãos não se afastem dos demais cristãos, o que os faria perder de vista o caráter único e singular do Salvador. Segundo, ele identifica as nuances necessárias para fazer a distinção entre a espiritualidade sanadora da Ciência Cristã e as outras crenças filosóficas e teológicas, incluindo aquelas que são erroneamente confundidas com esta Ciência. Terceiro, ele exige dos adeptos uma resposta cristã às críticas. Ele começa: “Aquele que inaugurou a era cristã é o Modelo na Ciência Cristã. Uma comparação irrefletida ou uma alusão irreverente a Cristo Jesus são atos anormais por parte de um Cientista Cristão e lhe são proibidos”.

Proibidos: essa é uma palavra forte e esse é o único Artigo do Manual que a usa. Essa palavra indica que os Cientistas Cristãos, que desejam seguir o exemplo de Mary Baker Eddy, não compararão “irrefletidamente” a si mesmos ou a ela com Jesus.

A Sra. Eddy adotava uma posição muito séria sobre essa exigência. Ela não determinou isso como mera expressão pública de modéstia, a fim de causar boa impressão nos outros. Em conversas particulares, ela era ainda mais incisiva sobre esse tema: “Quando ouço as pessoas falarem de mim ou de qualquer outro mortal como igual a Jesus, eu sinto calafrios, pois à medida que compreendo seu verdadeiro caráter e obras, dou-me conta, cada vez mais claramente, da distância infinita entre Jesus e nós.” (Calvin Frye diaries, March 5, 1900, The Mary Baker Eddy Collection,A Biblioteca Mary Baker Eddy).

Nós todos podemos conseguir, em certo grau, ser uma transparência melhor para o tipo de pensamento do Cristo, que Jesus representou e demonstrou

Não obstante, nos escritos de Eddy fica claro que ela sentia-se extraordinariamente próxima da missão de Jesus. Por meio de sua própria prática de vida como sanadora cristã, ela chegou a compreender profundamente o regozijo e o sacrifício dele e a se identificar com esses sentimentos. Tanto assim que ela declarou: “Neste momento, minha demonstração da Ciência Cristã não pode ser plenamente compreendida de forma teórica; portanto, ela é melhor explicada pelos seus frutos e pela vida de nosso Senhor, conforme é descrita no capítulo Reconciliação e Eucaristia, em ‘Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras’” (The First Church of Christ, Scientist, and Miscellany, p. 136).

Ainda assim, Eddy era ponderada e cuidadosa em deixar claro que ela considerava o lugar do Messias como absolutamente único. Ela não usava nenhuma comparação irrefletida, nenhuma frase que implicasse em fazer comparações de forma negligente, imprevidente, sem minuciosidade e consideração, ou que sugerisse estar desinteressada, despreocupada ou indiferente às consequências. Uma comparação irrefletida com Jesus daria credibilidade àquele pensamento cristão escolástico, que erroneamente está em busca de razões para classificar a Ciência Cristã como não-cristã. Ainda mais lamentável, tal comparação poderia afastar as pessoas que buscam a espiritualidade da Ciência Cristã, por acharem que os Cientistas Cristãos demonstram falta de reverência por “aquele que inaugurou a era cristã.”

Para muitas pessoas, é fácil confundir a Ciência Cristã com filosofias que tendem mais a procurar satisfazer o interesse pessoal e material do que a vivenciar aquele amor sanador, isento de ego e voltado para o sacrifício espiritual desse ego, como era a experiência de Jesus. Essa humildade profunda é o que Eddy chama de “o cerne da Ciência Cristã” (Miscellaneous Writings 1883-1896, p.356), e ela a praticava em níveis extraordinários. Certa vez, ela disse: “Tudo o que já realizei foi feito tirando a Mary do caminho e deixando que Deus fosse refletido”, e acrescentou: “Quando eu alcançava esse nível, os doentes eram curados sem nenhuma palavra” (Christian Science Sentinel, 8 de julho de 1939, p. 902). Dessa maneira, ela conseguia, assim como nós todos podemos conseguir, em certo grau, se tornar uma transparência melhor para o tipo de pensamento do Cristo, que Jesus representou e demonstrou com uma série sem igual de curas poderosas. Entretanto, isso não faz com que a Fundadora da Ciência Cristã seja o Cristo.

Compreendido espiritualmente, Cristo é o nome que se dá para a maneira como Deus comunica Sua natureza e Seu amor divinos ao homem, com resultados poderosos e práticos. Compreendido humanamente, é o título de Jesus, o único “ungido”, cujo amor sanador o coração sincero busca fervorosamente emular. Esclarecer nosso reconhecimento do papel único de Jesus e do Cristo, como distinto do papel de Eddy, pode nos unir mais intimamente aos nossos colegas cristãos.

Compreendido espiritualmente, Cristo é o nome que se dá para a maneira como Deus comunica Sua natureza e Seu amor divinos ao homem, com resultados poderosos e práticos.

O lugar de Mary Baker Eddy é totalmente único. Sua espiritualidade extraordinária e sua abnegação são exemplares

Por exemplo, certa vez fui colega de uma cristã evangélica que me fez perguntas sobre a prática de cura da Ciência Cristã, mas ela me parecia reticente quanto à autenticidade da Ciência Cristã. Até que, certo dia, ela perguntou repentinamente: “Mas, por que Mary Baker Eddy”? Minha resposta foi ecoar de volta com as perguntas: “Por que Paulo? Por que Pedro? Por que João”? Foi somente mais tarde que compreendi que ela provavelmente presumira que eu havia colocado Eddy em um pedestal, juntamente com o Messias. Portanto, ao ouvir minha resposta, ela olhou para mim com grande simpatia e fraternidade, e disse apenas: “Obrigada, Tony”!

Deveríamos acrescentar que o lugar de Mary Baker Eddy é também totalmente único. Sua extraordinária espiritualidade e sua abnegação são exemplares. Entretanto, ela não representa o mesmo que Jesus, o Modelo, representa para o cristianismo. Isso é ainda mais verdadeiro para o resto de nós; nenhum Cientista Cristão sincero confundiria seus próprios humildes esforços para curar com a missão majestosa do Messias. Aqueles que se esforçam para seguir fielmente a liderança de Eddy e o caminho que o Salvador nos mostrou, provavelmente ecoariam com toda sinceridade os sentimentos de João, o Batista, que se sentiu indigno até mesmo de desatar as correias das sandálias que Jesus usava (ver Marcos 1:7).

No entanto, devemos nos precaver de confundir nossos colegas cristãos com nossas palavras. O ensinamento da Ciência Cristã usa o termo Cristo com vários significados diferentes, desde sua definição no Glossário de Ciência e Saúde: “A divina manifestação de Deus, que vem à carne para destruir o erro encarnado” (p. 583), até como o título do homem Jesus.

Além disso, em Ciência e Saúde, Eddy discorre sobre o relacionamento do indivíduo com o Cristo. Podemos seguir o Cristo, curvar-nos diante do Cristo, aprender por meio do Cristo e acreditar no Cristo. Podemos até mesmo deixar tudo pelo Cristo. Entretanto, Ciência e Saúde não menciona a existência de um indivíduo que tenha a “consciência Cristo” (ver o artigo “What is Christ Consciousness?” [O que é a Consciência Cristo?]), de Michael Davis, publicado em The Christian Science Journal, de novembro de 2010). Evitando o uso de frases que talvez possam soar como um sacrilégio para o pensamento cristão convencional, o cristianismo da Ciência Cristã se torna mais claro para os outros por meio do exemplo de vida e pelas palavras que seus adeptos usam.

Essa instrução se refere a manter no pensamento o amor espiritual e a expressá-lo

Em outras ocasiões, é ao que a Ciência Cristã não está relacionada o que tem de se tornar claro. Para fazer isso, o Artigo provê uma orientação em três fases.

“Quando for necessário mostrar o grande abismo existente entre a Ciência Cristã e a teosofia, o hipnotismo ou o espiritismo, deve-se fazê-lo, sem, todavia, usar de palavras duras. O sábio diz: ‘A resposta branda desvia o furor’ ”.

Parte 1: Indique as diferenças quando houver a necessidade de fazê-lo, ao contrário de fazê-lo por impulso. Isso exige intuição e raciocínio fundamentados na oração.

Parte 2: Faça isso! Não negligencie uma oportunidade apropriada para “mostrar o grande abismo” entre a Ciência Cristã e outras crenças não-cristãs.

Parte 3: Faça isso sem fazer uso de palavras duras. Isso é crucial. Eddy ilustra esse equilíbrio em Ciência e Saúde, no capítulo “Ciência Cristã versus Espiritismo”. Ela escreve: “As pessoas que adotam a teosofia, o espiritismo, ou o hipnotismo, talvez possuam naturezas mais elevadas do que as de algumas outras que lhes rejeitam as crenças errôneas. Por isso não contesto o indivíduo, mas o sistema errôneo. Amo a humanidade e continuarei a trabalhar e a perseverar” (p. 99). Hoje, a mesma abordagem, profundamente cristã, de contestar o sistema em vez de contestar o adepto, se aplica quando interagimos com grupos mais recentes, tais como os Cientologistas, a quem muitos erroneamente confundem com Cientistas Cristãos.

Como todas as orientações do Manual, essa instrução se refere a manter no pensamento o amor espiritual e a expressá-lo. As pessoas de qualquer tradição religiosa, quando abordadas sobre qualquer “abismo” que exista entre a religião de sua escolha e a Ciência Cristã, deveriam sentir-se como o alvo apenas do amor mais sincero e mais incondicional. Nenhuma tática de conversão, nenhuma persuasão intelectual, nenhuma coerção teimosa ou preconceituosa é exigida ou necessária.

As pessoas de todas as tradições religiosas e filosóficas ou de nenhuma delas merecem ser associadas a apenas uma única denominação: como “nossos acalentados e amados colegas filhos de Deus”.

Esforcei-me para censurar amorosamente o que considerava como a materialização de uma ideia espiritual

Na minha função como Comitê de Publicação da Ciência Cristã, fui convidado a participar de um debate na TV sobre “anjos”, com autores de livros que tinham um enfoque na New Age (Nova Era), a respeito desse tema (ver o artigo “Angels? Are You There?” [Anjos, vocês estão aí?], publicado em inglês no Journal de março de 2008). Enquanto esperava para ir ao ar, encontrei meus colegas integrantes do painel e senti um terno afeto e um profundo respeito por eles. Esse sentimento não mudou quando as câmeras começaram a transmitir o programa ao vivo. Enquanto conversávamos, eu valorizava e honrava as experiências que eles compartilhavam, as quais eram honestas e genuínas. Mas, à medida que conversávamos durante o programa ao vivo, esforcei-me para censurar amorosamente o que considerava como a materialização da ideia espiritual de anjos. Não critiquei diretamente o que meus colegas participantes estavam dizendo. Em vez disso, ofereci minha opinião sincera fundamentada na prática da Ciência Cristã. O programa de uma hora de duração foi harmonioso e nos despedimos como bons amigos. Dois deles até mesmo levaram exemplares de Ciência e Saúde de presente. Senti, contudo, que o trabalho “necessário” havia sido feito, o de mostrar claramente, para o público, as diferenças entre a Ciência do Cristo e os sistemas dualistas de pensamento, os quais se fundamentam em crenças de que tanto a matéria como o Espírito são reais e bons, ao invés de somente o Espírito.

Respeitar sinceramente os pontos de vista dos outros não significa que não deveríamos nos esforçar, quando apropriado, para destacar os conceitos que as pessoas talvez entretenham e que possam obscurecer a visão da humanidade sobre sua natureza completamente espiritual. Nem, por outro lado, deveríamos entrar precipitadamente sem ser convidados em um esforço para “corrigir” as convicções acalentadas dos nossos colegas homens e mulheres. “Cristo Jesus, o Modelo” nos guia para uma abordagem equilibrada.

Mas, o que dizer se os críticos se arrojam com seus próprios esforços para nos “corrigir”? O Artigo nos dá orientação para esse caso, também.

“Por mais maltratado e caluniado que sejais pelas igrejas ou pela imprensa, não empregueis, em revide, invectiva violenta, e fazei o bem aos vossos inimigos sempre que a oportunidade se ofereça”.

Isso é a base do cristianismo. Como Jesus explicou: “Vocês estão familiarizados com a velha lei escrita: ‘Ame o seu amigo’ e com sua congênere não escrita: ‘Odeie o seu inimigo’. Estou desafiando essa lei. Estou dizendo a vocês para amarem seus inimigos. Deixem que eles tragam à tona o melhor que existe em vocês, não o pior. Quando alguém lhes causar dificuldades, responda com as energias da oração, pois então vocês estarão revelando sua natureza verdadeira, sua identidade criada por Deus. Isso é o que Deus faz. Ele provê o seu melhor, como o sol para aquecer e a chuva para nutrir, para todos sem distinção, para bons e maus, agradáveis e desagradáveis. Se tudo o que fizerem for amar os dignos de serem amados, devemos ser recompensados por isso? Qualquer um pode fazer isso. Se vocês simplesmente dizem olá para aqueles que lhes cumprimentam, vocês esperam uma medalha? Qualquer pecador vulgar faz isso” (Mateus 5:43-47, Eugene Peterson, A Mensagem). Jesus viveu e praticou esses ensinamentos, por meio de seu ministério e, até mesmo, por meio da crucificação. Ele praticava o que ensinava.

Devemos “fazer o bem” de forma proativa sempre que a oportunidade se ofereça

Nesse mesmo espírito, Eddy não parou aí quando declarou o que não devemos fazer para alguém que “maltrate e calunie” a Ciência do Cristo. Ela indica que nós devemos “fazer o bem” de forma proativa, sempre que a oportunidade se ofereça. Ela também praticava o que ensinava. Como o Artigo conclui:

“Um desvio desta regra inabilita o membro a desempenhar uma função na Igreja ou no Conselho de Conferências, torna-o passível de penas disciplinares, e expõe-no a ser desligado de A Igreja Mãe”

Essa é uma linguagem bastante dura! Mas ela se destina àqueles que usam palavras denunciatórias e abusivas, que, conforme ela explica, é uma reação violenta, em vez de uma resposta sanadora. Essa disciplina se aplica a todos os membros da Igreja de Cristo, Cientista, mas, especialmente aos dignitários que a representam.

Com Cristo Jesus como nosso modelo, nossas instruções são claras: quando lidamos com opiniões diferentes, quer forjadas pelas artimanhas da vida ou críticas severas à Ciência Cristã, respondamos se necessário, mas sempre com amor!*

Artigo publicado originalmente na edição The Christian Science Journal.

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