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Original para a Internet

O bule de chá e o produto de limpeza correto

Da edição de março de 2018 dO Arauto da Ciência Cristã

Publicado anteriormente como um original para a Internet em 25 de janeiro de 2018.


O bule de chá estava completamente enegrecido. Tão enegrecido que você nunca pensaria que era de prata. Ao longo dos anos, tentei limpá-lo algumas vezes, mas o produto que eu usava para polir não dava resultado. Já não adiantava mais tentar, pensei.

Mas, recentemente, durante a limpeza que faço anualmente em minha garagem, encontrei o bule em uma caixa velha, dentro da qual eu o mantivera guardado durante os últimos dez anos. Tive um breve impulso de limpá-lo novamente, mas lembrei-me de como meu polimento havia sido inútil. “Em vez disso, experimente este produto” disse meu marido, passando-me uma garrafa de polidor industrial para barcos. Bingo! Esse era o produto certo. Com algumas esfregadelas, recuperei o bule, lindo, polido, novamente útil e brilhando sob o sol da manhã.

“Não é exatamente essa a maneira como a graça age na vida humana?”, pensei depois. O que antes estava perdido e oxidado é encontrado, bem cuidado e restaurado. A aplicação correta da graça e da Verdade remove a mancha e restaura nossa capacidade, beleza e propósito. Compreendemos, então, que nosso real existir espiritual nunca foi tocado.

O poder reformador da graça e da Verdade é claramente compreendido na vida de Cristo Jesus. O relato em João 8:1–11 é detalhado e belo. Enquanto Jesus está ensinando no templo, um grupo de escribas e fariseus trazem a ele uma mulher “surpreendida em adultério”. Citando a lei mosaica, que declara que tais mulheres, as que cometem adultério, devem ser apedrejadas, esses homens, ansiosos por achar uma razão para condenar Jesus, perguntam a ele o que ele achava sobre essa lei e se ele concordava com ela. Mas Jesus não reagiu nem respondeu de forma inflamada para defender a mulher. Ele não gritou, não contestou nem carregou um cartaz dizendo que a lei era absurda, nem tentou interferir na lei. Em vez disso, ele foi direto à raiz do problema, aplicando “o produto correto”.

Jesus se inclinou para escrever na terra com o dedo. Embora existam diferentes interpretações do significado das ações de Jesus, eu o vejo inclinando-se, não dando atenção à multidão enfurecida e reconhecendo mentalmente que essa mulher era uma pessoa boa, ou seja, que sua identidade era inteiramente espiritual, completamente separada da pessoalidade humana e das circunstâncias humanas. Em seguida, ele repreendeu, de maneira surpreendente e contundente, os que a estavam acusando: “...Aquele que dentre vós estiver sem pecado seja o primeiro que lhe atire pedra”.

Imagine a cena: acusadores agitados, sanguinários, preparados para cometer um ato de incrível violência, confrontados com a humildade pura de um homem compassivo. Ele falou de maneira ousada e a mensagem tocou silenciosamente o pensamento de cada indivíduo. Todos eles, “acusados pela própria consciência, foram-se retirando um por um”. Não ficou mais ninguém, senão Jesus e a mulher. Ele perguntou a ela para onde tinham ido todos eles e pediu-lhe para observar que ninguém a condenara. Então, ele disse estas palavras extremamente ternas e reconfortantes, e lhe deu este conselho: “...Nem eu tampouco te condeno; vai e não peques mais”.

Ora, eu havia lido essa história muitas vezes e sempre achei que a parte “vai e não peques mais” significasse uma severa advertência. Mas, relendo-a recentemente, percebi um significado diferente para essa advertência. Vi que as palavras de Jesus também podem ser compreendidas como uma declaração jubilosa, como se o Mestre estivesse dizendo à mulher: “Vai e sê feliz! Livra-te completamente de teu senso errôneo de identidade, e sê exatamente como tu foste criada para ser”! Foi um sinal de alerta euma bênção. Esse profeta e sanador, que tão claramente representava o Cristo, a Verdade, e do qual era inseparável, estava reconhecendo a liberdade inerente àquela mulher, a qual tornava a mulher incapaz de ter um comportamento pecaminoso e nocivo. Parece inevitável que o mais natural para ela era seguir o conselho.

Por quê? Porque Jesus a viu. Ele verdadeiramente a viu como íntegra, confiável, amada, pura, governada pelo único Amor, a única Mente, e não dominada por um senso pecaminoso, por trauma, baixa autoestima, ansiedade, medo, por um falso senso de identidade, pelo status socioeconômico ou pela condenação. Ele reconheceu sua verdadeira individualidade como pura, equilibrada, honrada, importante e transparente à luz da Verdade. Ele a contemplou com amor pleno, e isso desarmou os pensamentos violentos dos homens que a cercavam e a colocou no caminho da reforma e da cura. Tudo tão incrivelmente natural.

Mas, enquanto estive ponderando, vi que há muito mais a considerar a respeito desse relato. Por exemplo, a parte relacionada ao apedrejamento. A consequência convencional e jurídica para a ofensa moral da mulher era morte por apedrejamento. “Uau”, pensei comigo mesma, “Eu nunca faria isso. Que costume desumano”. Mas, não é verdade que toda vez que temos pensamentos cheios da presunção de retidão pessoal com relação a outras pessoas, nós estamos participando de um apedrejamento? Infelizmente, já fiz isso mais vezes do que estou disposta a admitir. Às vezes, abrigo meu próprio senso silencioso de justificação do ego. Já fiz involuntariamente condenações, expressas ou não, dirigidas a alguém que estava lutando com algum pecado, ou com aquilo que hoje em dia chamamos de vício, por exemplo. Esses pensamentos são nada mais do que pedras-pensamentos, rochas de religiosidade convencional, destinadas a matar e a destruir.   

E se, ao invés de usar o produto para polir barcos, o qual meu marido me deu para usar em meu bule de chá enegrecido, eu tivesse decidido atirar pedras no bule? Claro, isso seria absurdo. Não podemos curar nada nem ninguém, lançando condenações, que são fruto da nossa presunção de retidão pessoal, contra nossos amigos, familiares ou os chamados inimigos, contra os políticos ou contra nós mesmos, por mais grave que seja a situação. Não importa a gravidade, não importa qual seja o “crime”, quem o tenha cometido ou quem pareça ser a vítima, um apedrejamento mental é tão impróprio quanto um apedrejamento físico. As pedras da presunção de retidão pessoal ou do ódio não podem resolver o problema. É infinitamente melhor optar pelo “produto correto”.

Nem todas as pedras-pensamento são feitas de raiva ou condenação. Elas também podem ser feitas de piedade humana mal dirigida, ou podem tomar a forma de um senso humano limitado sobre o que deve ser feito sob certas circunstâncias. Lançar no problema uma pesada pedra do tipo “eu vou resolver isso do meu jeito”, por mais tentador que possa parecer, às vezes, não funciona. Só piora a situação. Não é uma reação humana, ou uma intervenção humana ou uma interferência humana, o que cura, por melhor que seja a intenção.

A coisa certa a ser feita consiste em, total e inequivocamente, refletir o Amor divino. O Amor infinito, resplendente do Espírito, purificador, reconfortante. O Amor divino, refletido em nossos pensamentos e ações, vai à raiz do problema e mantém todos, e eu quero dizer todos os indivíduos, em perfeita harmonia. Esse Amor é um Amor totalmente restaurador. O Amor exige uma rendição completa a tudo o que é bom e correto. O Amor remove de forma simples e completa toda e qualquer mancha materialista que desfigure o que é real, o que já é seguro e puro, a identidade espiritual e sagrada do homem. O Amor restaura nosso verdadeiro propósito e identidade, todas as vezes que os perdemos de vista.

Mary Baker Eddy, a Fundadora desta revista, não somente aplicou o “produto correto”, ou seja, a compreensão e a expressão do único Deus, o Amor divino, sobre o qual ela aprendeu mediante a leitura e o estudo da Bíblia, mas ela também escreveu sobre esse Amor divino, ensinou outros a respeito dele e curou por meio dele. Ela praticou a mesma genuína cura pelo Cristo que Jesus praticou quando perdoou a mulher adúltera. O livro que ela escreveu, Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras,é um texto importantíssimo para os estudantes que desejam compreender mais acerca de como remover, mental e espiritualmente, a mancha da vida humana, por meio do Amor divino, quer essa mancha apareça como doença, relacionamentos rompidos, problemas de vícios ou qualquer outro erro sobre a identidade.

O Amor ativo, forte quando aplicado às manchas, suave quando aplicado à prata (e ao ouro), purificador, estimulante, terno e magnificente é o que cura e restaura o brilho do Espírito à vida humana e deixa cada um de nós brilhando sob o sol da manhã.  

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