De acordo com os organizadores da loteria nacional da Grã-Bretanha, apenas uma em 13.983.816 pessoas, tem a possiblidade de ganhar um grande prêmio. Obviamente, esses números não representam uma razão muito atraente para se ter esperança! Entretanto, eles servem para ilustrar a própria natureza de qualquer esperança fundamentada em circunstâncias materiais. Caso os jogadores da loteria sejam tentados a se consolar com o pensamento de que seu dinheiro vai para boas causas, os organizadores revelam que somente 28 por cento do dinheiro arrecadado dos bilhetes perdedores é destinado a projetos beneficentes. Esses pontos, somados, levaram um comentarista anônimo a classificar a loteria nacional como “um imposto sobre pessoas ruins em matemática” (www.quotegarden.com).
Hoje em dia, a maioria das pessoas entende que as loterias oferecidas pelo governo são um procedimento correto; mais de cem países as exploram, em todo o globo. A Loteria Nacional do Reino Unido é a segunda em vendas em todo o mundo, perdendo somente para a do Japão. Na América do Norte, todas as províncias canadenses, 42 estados dos Estados Unidos, o Distrito de Colúmbia, o México, Porto Rico e as Ilhas Virgens americanas exploram loterias.
Entretanto, loterias, cassinos e outras formas públicas de jogos de azar estão associados a custos pessoais e sociais. De acordo com um documento redigido por uma coligação de cristãos e enviado à Comissão Parlamentar do Reino Unido, durante a adoção de um recente projeto de lei sobre jogo, esses custos sociais incluem crianças que faltam ás aulas, estresse casamento, desagregação familiar e aumento da atividade criminosa. No que se refere ao problema do jogo, verdadeiramente nenhum homem (ou mulher) é uma ilha. “As estatísticas comprovam que um jogador problemático pode afetar até dez pessoas na família imediata”, observou Jennifer Hogg, representando a Aliança Evangélica.
A maioria das pessoas concorda com o fato de que o hábito de jogar, que leva à desagregação familiar e à destruição da coesão da comunidade, constitui o problema do jogo de azar e necessita de prevenção e cura. Contudo, existe um aspecto para todas as formas de jogo que, pode-se dizer, torna qualquer jogo um “problema de jogo de azar”, ou seja, o truísmo espiritual de que, quando você diz sim a investir recursos no resultado de uma corrida de cavalo, em um caça-níqueis, ou em um jogo de cartas, você está também investindo a qualidade da esperança dada por Deus na dança perversa da sorte.
Isso não quer dizer que uma aposta ocasional esteja na mesma combinação “problemática” de um vício físico. Mas a esperança, como também a fé no bem com a qual ela está freqüentemente associada, é uma mercadoria valiosa demais para ser desperdiçada. Dê um passo mental para trás e verifique a balança em que se está pesando uma ação, a fim de simplesmente visualizar o pensamento subjacente a essa ação e ficará evidente o fato de que toda a problemática do jogo assenta na promessa de confiar em um bem que penderá fortuitamente a favor de uma pessoa em detrimento de outra. Ou vice-versa.
O que nunca desaparece é o amor de Deus, o prêmio que está sempre presente e é inexairível.
Além disso, se o bem pode pender fortuitamenete a nosso favor, então também pode ocorrer o contrário. Como o jogador Nathan Detroit canta no musical “Guys and Dolls” (Rapazes e Bonecas): Eles a chamam de Senhora Sorte, Mas, não se deixem enganar.
Ás vezes, desaparece de um jeito inconseqüente,
Nada próprio da maneira de uma senhora se portar.
(“Luck be a lady tonight”, música e letra de Frank Loesser).
O que nunca desaparece (em ambos os sentidos da frase) é o amor de Deus, o prêmio que está sempre presente e é inexaurível. Descrevendo a natureza do “Amor divino inexaurível” em seu livro sobre as leis espirituais da vida, Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, Mary Baker Eddy escreveu: “O Amor divino sempre satisfez e sempre satisfará a toda necessidade humana” (P. 494). A frase seguinte oferece a razão para se ter esperança no Espírito, ao invés de na matéria, não importa quais sejam as circunstâncias: “Não é justo imaginar que Jesus tenha demontrado o poder divino de curar somente para um número seleto de pessoas ou para um período de tempo limitado, porque a toda a humanidade e a toda hora, o Amor divino propicia todo o bem” (P. 494).
Guiar nossas esperanças na direção do Amor divino, confiar na capacidade e disposição de Deus de satisfazer ás necessidades de todos, incluindo as nossas próprias, e em todas as ocasiões, é um tipo de oração. Orar dessa maneira, muda completamente a esperança egoísta, da qual o jogo é apenas um exemplo específico. Essa oração abre as portas da expectativa da bondade abundante de Deus, que está sempre presente para você e para todos, sem exceção.
A oração da esperança mais elevada também explica as assimchamadas “leis do acaso” e mostra que elas não são leis, de maneira nenhuma. Elas representam o próprio oposto da lei, uma vez que pretendem agir de um modo para com os “vencedores” e de outro para com os “perdedores”. Imagine se a lei da gravidade funcionasse dessa maneira e, ao girar da roleta, uma pessoa repentinamente decolasse e atingisse o teto, enquanto outra não conseguisse sequer levantar o pé do chão!
Dia a dia, é justo ter perspectivas de bons resultados. Podemos tê-las porque Deus está sempre presente para revelar uma solução para nossas necessidades.
Para que uma lei seja autêntica, ela tem de agir imparcialmente. A bondade imutável de Deus é o fundamento das leis da cura cristã que Mary Baker Eddy descobriu nos ensinamentos de Jesus e chamou de Ciência Cristã. Ter confiança nessa lei do bem é uma oração sanadora que pode resgatar de seu vício de jogar até mesmo um viciado.
Embora a mudança mental, que troca a confiança na sorte pela confiança na lei de Deus, possa trazer libertação àqueles tentados a jogar, ela também proporciona repercussões benéficas para pessoas que jamais pensariam em se separar de seu dinheiro, ganho a duras penas, para jogar. Existem maneiras pelas quais a “Senhora Sorte” pretende definir todas as vidas, até mesmo a própria vida. Por exemplo, em anos recentes, tem havido um debate crescente sobre a assim-chamada “Post-code Lottery” (Loteria do Código Postal, em geral somente para os moradores de uma determinada região da Inglaterra, com o mesmo código postal, os quais subscrevem e pagam semanalmente uma taxa e o sorteio se dá uma vez por mês. 50% do prêmio vai para uma instituição, também da mesma região, a qual é escolhida e votada pelos jogadores, e 50% para o ganhador do prêmio principal). Dessa maneira, as pessoas recebem o retorno em uma qualidade variada de serviços públicos, tais como planos de saúde, escolas, dependendo da localização de sua casa (As diferenças são ainda mais pronunciadas quando o contraste está entre serviços públicos em nações industrializadas e nações em desenvolvimento).
No entanto, “Jesus [demonstrou] o poder divino de curar” para “toda a humanidade e a toda hora”. Isso indica que soluções espiritualmente fundamentadas estão disponíveis a todos, apesar de suas circunstâncias individuais, de seu código postal ou de sua nacionalidade. Considere os relatos de cura publicados nas revistas da Ciência Cristã ao longo do último século. Eles representam milhares de provas de que a libertação da doença e da privação, encontradas por intermédio do Cristo, ou seja, da atividade sanadora de Deus, é tão universal e diversificada como o é família humana.
A hereditariedade e a genética são outras expressões da crença de que a “vida é uma loteria”. Contudo, esses sistemas de crenças também podem ser contestados por meio da oração. Conforme o primeiro capítulo da Bíblia estabelece, Deus é a única fonte de vida, inteiramente boa, de toda a criação. Deus sabe como atender a cada necessidade individual de Seus filhos e filhas com precisão e Sua resposta é incontestável. Sobre esse fundamento de beneficência divina confiável e a falta de poder do mal para impedi-la, a saúde e a inteligência são compreensíveis e prováveis, como qualidades espiritualmente concedidas. Nunca nem por um momento ligadas à condição do acaso da ancestralidade humana, elas formam a expressão do relacionamento seguro de todos com Deus.
Devido ao nosso relacionamento espiritual com Deus, ou seja, como Seus filhos e filhas, não existe nenhuma necessidade de se desejar a esperança. Deus cria tudo em perfeito equilíbrio. Por que se ter esperança por saúde, felicidade e suprimento, quando já os possuímos e podemos comprovar, por meio da oração, que realmente os possuímos? Eles são os efeitos da nossa filiação divina, que o crescimento espiritual traz à luz, de forma crescente.
Contudo, dia a dia, é justo ter perspectivas de bons resultados. Podemos tê-las porque Deus está sempre presente para revelar uma solução para nossas necessidades. Imagine o que acontece quando, ao invés de orientar mal nossa esperança em direção ao deus material do acaso, nós a redirecionamos para a certeza espiritual encontrada no Cristo. Que força para o bem isso seria no mundo, fomentando a fé na confiabilidade universal de Deus. Imagine, também, o resultado que essa mudança mental está produzindo e produzirá, em harmonia familiar renovada, saúde restaurada e suficiência ininterrupta para as pessoas e as famílias.
Ao plantar sua própria confiança sobre “a rocha”, sobre a Ciência do Cristo, Mary Baker Eddy localizou com precisão o que seria chamado de uma “espiral ascendente”, em contraste direto à espiral descendente do viver material incerto. “A Ciência Cristã”, explicou ela, “desmantela o reino do mal, e promove no mais alto grau, a afeição e a virtude nas famílias, e, portanto, na comunidade” (Ciência e Saúde, PP. 102-103).
A Epístola de Tiago nos assegura de forma eloqüente: “Toda boa dádiva e todo dom perfeito são lá do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não pode existir variação ou sombra de mudança” (1:17). Quanto menos esperarmos pelo bem como fundamentado no acaso, e, assim, alcançarmos a libertação da crença de que a humanidade esteja sujeita ao mal, mais nossa vida poderá espiralar de forma ascendente. Com grata reverência, vislumbraremos e conseguiremos comprovar, cada vez mais, o fato de que a vida não é uma loteria, seja financeira, de código postal, genética ou de qualquer outro tipo, mas sim uma dádiva de bondade do nosso Pai sempre presente, todo-poderoso, todoamoroso, infinitamente generoso e imparcial.
