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Matéria de capa

”Coma o que lhe for oferecido”

Da edição de junho de 2012 dO Arauto da Ciência Cristã

The Christian Science Journal


Era uma situação assustadora. Minha filha, estudante universitária, havia parado de comer, de forma cabal e absoluta! Era incompreensível para mim que ela pudesse continuar daquela maneira, tomando apenas água, dia após dia. Meu desejo de ajudar era extremamente forte, e minha vontade de que ela lidasse com essa situação mediante a oração, como estava acostumada a fazer, era igualmente forte. Mas eu nunca havia enfrentado algo parecido antes. O problema estava ali, diante de mim, mas aparentemente estava fora do meu alcance.

Meses antes de me conscientizar desse problema, havia me deparado com um versículo da Bíblia que chamou particularmente minha atenção. Sentira que o versículo, que consta do Evangelho de Lucas, em um dos capítulos em que Jesus se dirige aos seus discípulos, continha algo importante para me ensinar. Ele diz: “Quando entrardes numa cidade e ali vos receberem, comei do que vos for oferecido” (Lucas 10:8).

Durante meses estivera estudando esse versículo e encontrara muitas maneiras de aplicá-lo em minha prática de cura. Então, certo dia, exatamente em meio a essa circunstância com minha filha, o trecho bíblico assumiu uma nova dimensão para mim. Talvez não da forma que você possa estar imaginando. De fato, a admoestação de Jesus sobre comer parecia que não tinha nada a ver com aquele distúrbio alimentar.

A saúde de minha filha havia se agravado muito e também minha preocupação com esse quadro. Muito embora, a pedido dela, nós duas tivéssemos conversado sobre o problema e partilhado ideias e verdades espirituais, nada parecia tocá-la de forma profunda o bastante para curá-la. Nesse dia, em particular, fui até meu escritório, afundei-me em uma poltrona, apoiei os pés sobre um banquinho e fiquei atenta para ouvir uma mensagem de conforto que aliviasse o medo que sentia. Não fiquei surpresa quando estas palavras me vieram novamente à mente, de modo muito distinto: “comei do que vos for oferecido”. Dessa vez, porém, a ênfase estava na palavra “vos”.

Comecei a considerar como esse ensinamento se aplicava especificamente ao meu problema. Durante os meses em que observei o declínio de sua saúde, uma irritação cutânea se desenvolveu em um dos meus pés, mas simplesmente a ignorei. Entretanto, aquela inflamação piorou e se espalhou. O tempo todo, eu ficara tão perturbada com o problema dela, que esquecera de orar para mim mesma. Foi então que me ocorreu, naquele exato momento, que a real necessidade era orar para curar o que estava literalmente diante de mim, apoiado em um banquinho! Compreendi que havia me colocado de lado, imaginando que, uma vez em paz sobre a saúde de minha filha, poderia então cuidar de mim mesma. Admitir que o mal fosse legítimo, em qualquer circunstância (conscientemente ou não) era um erro gritante. Compreendi que a instrução de Jesus significava que eu precisava tratar o que estava exatamente diante de mim, naquele momento, o que estava sendo oferecido em meu “prato” ou pensamento. Para mim, isso incluía estas crenças:

1. Que os erros são propriedades - O problema de minha filha, a minha dificuldade e assim por diante. Compreendi que estivera rondando em torno desses problemas como uma ave desamparada, ao invés de me volver a Deus para obter inspiração. Os problemas não são pessoais, embora isso seja uma maneira de chamar a atenção. Eles são o oposto da maneira como Deus vê Sua criação, que é perfeita, espiritual e sã, livre de preocupações, ainda que divinamente cuidada. Mediante a oração, sabia que veria a lei da harmonia de Deus em ação por toda parte.

2. Que o ato de monitorar a matéria poderia me mostrar algo verdadeiro - A matéria não define o homem ou a mulher, real e espiritual, que Deus criou. O Espírito sim, e ele define sua ideia como eternamente sem defeito. Compreendi que seria contraproducente olhar para qualquer coisa ao invés de buscar a Deus a fim de compreender a realidade, pois o que eu realmente precisava era ver como Ele estava nos vendo, isto é, tanto minha filha quanto eu, como Sua imagem e semelhança. A Bíblia ensina que o homem foi criado por Deus para ser semelhante a Ele, espiritual e completo, e ela também diz que Deus descansou nessa verdade (ver Gênesis 1:31–2:2). Eu podia descansar nessa verdade também. Para mim, isso significava que eu tinha a força espiritual para não aceitar o que a matéria estava apresentando, as imagens hipnóticas de doença, e para descansar no reconhecimento de que somente Deus estava governando.

Os problemas não são pessoais, embora isso seja uma maneira de chamar a atenção. Eles são o oposto da maneira como Deus vê Sua criação, que é perfeita, espiritual e sã, livre de preocupações, ainda que divinamente cuidada.

3. Que o mal tem poder - O filho de Deus não pode ser atacado de repente, nem existe um erro sorrateiro que, aos poucos, invade o ser puro. O ser perfeito está estabelecido por Deus e é permanente, e cada ideia de Deus expressa Sua amabilidade, harmonia, beleza e paz.

Embora eu não estivesse consciente da irritação ou do pensamento irritado, percebi, em uma análise mais profunda, que acreditar em doenças ou ser testemunha de uma vida fora de controle era participar de um estado mental instável, incomodado ou irritado. Como eliminar isso? Aceitando o fato de que Deus governa todas as coisas. Compreendi que, ao reconhecer que Deus está no controle de tudo, nada poderia me incomodar ou “penetrar sob minha pele”, por assim dizer.

Ao me sentir abraçada por Deus, que é Amor divino, livrei-me da responsabilidade pessoal e pude confiar minha filha aos cuidados desse mesmo Deus amoroso. Reconheci que a irritação com outra pessoa ou com um problema é um pensamento ilegítimo, porque é um pensamento não divino. Como a amada filha do Amor, nada poderia ter o poder de me incomodar ou preocupar. Nada poderia me deixar irritada, triste ou preocupada, uma vez que o mal não tem nenhuma existência na onipresença do Amor. Por último, mas não menos importante, compreendi que meu pensamento pertence a Deus e é, portanto, puro e santo, até mesmo feliz, tal como Deus é.

Quando afirmei essas maravilhosas verdades sanadoras a respeito do ser verdadeiro e elas se tornaram reais para mim, foi natural aplicálas a todos, em toda parte. Pude perceber a natureza real de cada pessoa como a imagem de Deus, não afetada pela matéria, pelo pensamento material ou pela doença. Sabia que, independetemente do que se apresentava, a verdade de Deus estava firmemente estabelecida em meu pensamento. Agora podia considerar todas as situações através das lentes do Espírito, a fim de ver claramente que a imagem de Deus está isenta de problemas, é saudável, estável e completa.

Embora por dois meses, aproximadamente, aquela irritação na pele estivesse evidente, fiquei curada em apenas dois dias. A pele áspera foi substituída por uma pele lisa e macia e toda a vermelhidão e umidade naquela área desapareceram. O mais significativo foi que me senti completamente em paz quanto ao problema de minha filha. Quando mudei minha perspectiva sobre mim mesma, de acordo com a visão de Deus, descobri que minha percepção sobre todos e tudo estava de acordo com o Divino. Minha filha nunca mais estaria fora de alcance, desde que pudesse ver a verdade sobre ela, o que consegui fazer. Não ficava mais impressionada pelas falsas aparências. Algumas semanas depois, constatei que, por ocasião da minha cura, ela também dera um passo decisivo e estava a caminho da cura completa.

Tal como descobri em minha própria experiência, situações que parecem estar fora do nosso alcance ou que aparentam estar ocorrendo em alguma outra parte, em realidade, não estão. Qualquer condição ou situação discordante, seja ela corpórea, institucional, sistêmica ou similar, pode ser curada ao corrigirmos nosso pensamento individual e ao alinhá-lo com o que é verdadeiro.

Talvez o que nos impeça de confrontar situações que necessitam de cura seja acreditar que o problema existe em algum lugar “lá fora”, e que não possa ser corrigido ou purificado porque está fora de alcance. Mas o amor do Cristo sanador dissolve essa noção errônea ao mostrar a cada pessoa a maneira de identificar a necessidade, de aceitar o fato espiritual que a corrige e, então, permanecer com essa verdade até que ela seja tão real e se torne tudo o que é visível.

Cada pessoa possui tudo o que é necessário para enfrentar qualquer situação e tratá-la destemidamente, para lidar com o que parece estar “no nosso prato” e reconhecer que o amoroso Cristo está sempre presente para nos conceder todo o bem necessário para que a cura se realize.

Artigo publicado originalmente na edição The Christian Science Journal.

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