Há algum tempo, quando eu tinha 12 ou 13 anos, estava envolvida em muitas atividades na escola e me destacava nos esportes e nos estudos. Tudo parecia estar indo muito bem. Entretanto, o que eu não percebia na época, era o quanto eu estava com medo do mundo e de crescer. Não me sentia segura. Achava que não tinha nenhum controle sobre minha vida. Além disso, não gostava da minha aparência física, pois não atendia aos meus padrões de perfeição. Essa autocrítica vinha acontecendo fazia algum tempo.
Decidi então fazer uma dieta para emagrecer uns dois quilos, mas logo achei que não seria o suficiente, por isso continuei. Perdia cada vez mais peso, o que se transformou em uma acentuada obsessão de comer o mínimo possível. Vivia temerosa de que qualquer coisa que comesse me engordaria. Após alguns meses de extensa atividade física e pouco alimento, havia perdido muito peso.
Mas, diante do espelho, minha imagem parecia sempre gorda demais. Ninguém conseguia me convencer de que eu estava muito magra. Gostava do meu “visual pele e osso”, mas, em realidade, essa aparência era horrível. Estava completamente hipnotizada pela crença de que eu tinha controle sobre alguma coisa (meu peso), e de que tinha de fazer o meu corpo parecer perfeito.
O médico concluiu que eu estava anêmica e que precisava me alimentar melhor
Durante esse tempo, minha família havia ficado muito preocupada. Eles não tinham ideia de qual seria o problema. Na época, distúrbios alimentares como anorexia, ainda não eram rotulados assim e a maioria das pessoas, mesmo aquelas que atuavam na área da saúde, sabiam pouco, ou quase nada, sobre essas doenças.
Havia sido criada na Ciência Cristã e minha família sempre confiara nela para cura e orientação. Portanto, era natural que minha mãe recorresse à oração para uma solução. Ela ligou para uma Praticista da Ciência Cristã pedindo ajuda. Minha mãe também sentiu-se impelida a conversar com amigos em busca de respostas sobre o que poderia estar acontecendo.
Além da minha família, os professores e outras pessoas na escola que eu frequentava ficaram muito preocupados comigo e insistiram em que eu fosse examinada pela enfermeira da escola, a qual não encontrou nada de errado. Essas pessoas, entre elas meu pai, também me aconselharam a ir a um médico. Meu pai respeitava a Ciência Cristã, mas não a estudava. Minha mãe, em respeito e correspondendo à atenção de todos os que estavam preocupados comigo, marcou uma consulta médica.
Deus, e não o alimento, é a fonte do meu ser
Após os exames, o médico concluiu que eu estava anêmica e que precisava me alimentar melhor. Para remediar o problema, ele recomendou também que eu comesse algumas colheradas de creme de amendoim e de óleo vegetal por dia. Mal sabia o médico que essa recomendação para comer mais causou em mim um medo tremendo e que eu não tinha a menor intenção de obedecê-la.
À medida que eu continuava a perder peso, minha família começou a temer por minha vida. Entretanto, minha mãe sabia que a oração era confiável, por isso, ela continuou a recorrer à praticista, que orava com nós duas, para que percebêssemos em mim a verdadeira imagem de Deus, como espiritual, e para reconhecermos que eu era governada pelo amor de Deus e não pelo medo. Ela conversou conosco sobre a verdade de que Deus, e não o alimento, era a fonte do meu ser. Lembro-me de que uma das passagens da Bíblia, na qual nos concentramos na época, era um versículo do Sermão do Monte, proferido por Jesus, e que diz, em parte: “Não é a vida mais do que o alimento, e o corpo, mais do que as vestes?” (Mateus 6:25).
Comecei a comer. Foi uma notável mudança
No início, nem prestava atenção. Não queria ouvir aquelas ideias. Então, certa noite, quando as coisas pareciam declinar rapidamente e a família falava em me levar para o hospital, a praticista ligou para minha mãe para saber como eu estava. Depois de desligar o telefone, minha mãe colocou o jantar na mesa e ninguém fez qualquer comentário. Eu não estava a fim de escutar ninguém. Não sei com quais verdades espirituais específicas a praticista orou naquele momento, mas comecei a comer. Esvaziei uma panela toda sem me dar conta! Minha família não disse uma palavra sequer. Foi uma gloriosa reviravolta!
A partir daí, voltei, de forma gradual, a me alimentar normalmente. A ingestão regular e saudável de alimentos continuou. A Mente divina tinha o controle completo sobre mim. A mente humana não tinha mais nenhum poder para resistir. Despertei do estado hipnótico em que havia estado e passei a compreender o que havia acontecido. Comecei a sentir o amor e a presença de Deus ao meu redor. Pela primeira vez me senti segura.
Ao longo dos meses seguintes, passei a recuperar peso. Durante esse período, orei, de bom grado, com a praticista, a fim de compreender melhor que a minha identidade era inteiramente espiritual, e que eu era amada e cuidada por Deus. Percebi que a comida não tinha poder para governar minha vida nem o senso que entretinha de um corpo físico. Deus era a única fonte governante, e eu podia permanecer segura quanto a esse fato. Comecei também a perceber que Deus, não a mente mortal ou o corpo, definiam quem eu era.
Eu não precisava tentar ser humanamente perfeita, porque já sou perfeita aos olhos de Deus
O surpreendente nessa cura foi o quão precisa e completa ela foi. Não somente eu estava curada do transtorno alimentar, mas de outros hábitos obsessivos dos quais eu não tinha me dado conta, como perfeccionismo excessivo, desapareceram completamente. Despertei para o fato de que a perfeição provém de Deus, o Espírito.
Como Sua imagem e semelhança, eu não precisava tentar ser humanamente perfeita, porque já sou perfeita aos olhos de Deus. O medo que tinha do mundo e de seguir em frente nesse mundo também desapareceu. Sentia-me segura ao reconhecer que Deus era minha vida e que Ele estava me guiando a cada passo do caminho. Durante esse período, lembro-me também de ter lido na Bíblia outra passagem que me foi muito útil: “E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente...” (Romanos 12:2).
Essa era a transformação que ocorria em meu pensamento. Muito embora essa cura tenha levado algum tempo, eu estava sendo transformada pela verdade de que eu era governada pela Mente divina, a única Mente. Compreendi que não tinha nada a temer na presença de Deus. Essa maravilhosa certeza do amor de Deus estar sempre presente, em todo os momentos, mudou a minha vida e restaurou completamente meu corpo à normalidade.
Não tenho palavras para expressar minha gratidão à Ciência Cristã.
Testemunho publicado originalmente na edição de novembro de 2007 de The Christian Science Journal.
