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Matéria de capa

Uma visão espiritual sobre alimento e corpo

Da edição de junho de 2012 dO Arauto da Ciência Cristã

Christian Science Sentinel


O cuidado com a imagem e o físico frequentemente exige empenho para modelar a estrutura e o peso do corpo, a fim de atender aos padrões de beleza e de saúde, os quais estão sempre mudando. Modificar nossa dieta é sempre o ponto principal na luta para ajustar o corpo. Consequentemente, o alimento acaba se transformando em um inimigo ou em um amigo em quem não se pode confiar.

O poeta escocês do século dezoito, Robert Burns, escreveu:

Alguns têm carne,
e comer não podem,
E outros, não podem comer
aquilo que querem;
Mas nós temos carne,
e comer nós podemos —
E, por isso, ao Senhor
agradecemos.

As palavras de Burns acertam no alvo. Para alguns, comer bem não parece ser um problema. Para outros, alergias, distúrbios alimentares, ou temores dos efeitos causados pela comida os impedem de comer o bom alimento disponível. Em outros casos, a baixa renda, a distribuição desigual, colheitas escassas ou contaminação restringem o acesso de muitos à quantidade necessária de alimentos de qualidade.

Cristo Jesus nos ensinou a esperar resultados, quando volvemos o pensamento a Deus

Todos nós precisamos comer. Então, como deveríamos considerar o alimento? Será que ele controla a saúde e determina nossa qualidade de vida? O que tem Deus a ver com o alimento?

Parece-me que, quando banquetes e jejuns são mencionados na Bíblia, raramente fazem referência aos alimentos ou às atividades do corpo. Banquetes geralmente envolviam a celebração do dom da graça de Deus, não a busca por satisfação. Os soldados jejuavam antes de uma batalha, a fim de concentrarem a atenção em Deus. As decisões sobre a comida, o que comer ou não comer obedeciam com frequencia a um critério espiritual focado no que Deus é, e no que Seu amor, todo poderoso, realizava na vida das pessoas. A Bíblia relata alguns exemplos sobre os benefícios dessa orientação centrada em Deus; ela inspirou o patriarca José a salvar uma nação inteira de um período de fome que duraria sete anos (Gênesis cap. 41); Elias resgatou uma família da inanição (1 Reis cap. 17); Eliseu anulou o efeito tóxico de um alimento contaminado e transformou-o em uma refeição palatável e sadia (2 Reis cap. 4); Jesus alimentou uma multidão faminta (Mateus cap. 14), provando que Deus atende às necessidades humanas, conforme a situação assim o exigia.

Cristo Jesus nos ensinou a esperar resultados, quando volvemos o pensamento a Deus. Ele disse: “Não andeis, pois, a indagar o que haveis de comer ou beber... vosso Pai sabe que necessitais dessas coisas. Buscai, antes de tudo, o seu reino, e estas cousas vos serão acrescentadas” (Lucas 12: 29–31, conforme a Versão King James).

Submetemos o pensamento à Mente e refletimos o amor de Deus no dia a dia

Afinal, o alimento é uma coisa boa ou ruim? Considerado espiritualmente, podemos dizer que ele não é nem bom nem ruim. O alimento, visto simplesmente como matéria, não é nem benção nem maldição para a criação espiritual de Deus. A Descobridora da Ciência Cristã chegou a conclusões interessantes com relação ao alimento. Mary Baker Eddy explicou esses conceitos detalhadamente em Ciência e Saúde: “Se admites a hipótese generalizada de que o alimento é o sustento da vida, seguir-se-á a necessidade de outra admissão em direção oposta — a de que o alimento tem o poder de destruir a Vida, Deus, pela insuficiência ou pelo excesso, pela qualidade ou pela quantidade. Eis aí um exemplo da natureza ambígua de todas as teorias materiais sobre a saúde” (p. 388).

A experiência da Sra. Eddy, ao vencer os desafios com alimentação e ao ajudar outros a vencê-los, armou-a com a compreensão de que o alimento material não poderia afetar a Vida absoluta do homem. Ela analisou alguns desses casos nos capítulos “A Fisiologia,” “Os Passos da Verdade” e “A prática da Ciência Cristã” do livro Ciência e Saúde.

Eddy descobriu que a Mente, um sinônimo para Deus, é também o Amor, a Vida e o Espírito, e que o homem é o reflexo espiritual perfeito dessa Mente, que é amorosa, e tem o controle absoluto sobre o homem. Os assim chamados processos vitais: o comer, o digerir e o metabolismo podem ser libertados das influências materiais, e o corpo irá responder natural e harmoniosamente, quando submetermos o pensamento à Mente e refletirmos o amor de Deus no dia a dia. Certamente podemos anular vários sintomas físicos doentios ao sermos gentis e amorosos para com nós mesmos, com os outros, com nosso corpo e, sobretudo, ao aceitarmos o amor e o cuidado que Deus tem por nós. Nem o alimento, nem o corpo humano são nossos inimigos e não há porque tratá-los como tais.

Eles lhe ofereceram a opção de tratamento médico ou de tratamento pela Ciência Cristã, por meio da oração

A ingestão e a digestão são funções fisiológicas naturais e normais, ao contrário da obsessão por comida, ou pelo que irá ou não comer, se pode ou não comer, se o corpo irá digerir os alimentos. Ciência e Saúde diz: “O corpo mais harmonioso é aquele em que menos se nota o desempenho das funções naturais” (p. 478).

Há alguns anos, um adolescente me pediu ajuda depois que seus pais ficaram sabendo que ele sofria de um distúrbio alimentar. Por algum tempo, ele estivera se alimentando muito pouco e praticando esportes de maneira excessiva. Embora ele mesmo não tivesse percebido o problema, seu treinador e a enfermeira da escola haviam externado uma profunda preocupação, e informaram aos pais dele que a anorexia estava se espalhando naquela escola e que vários alunos estavam sob supervisão médica. Os pais foram informados de que, se o aluno perdesse mais um dia de aula, ausências essas ocorridas devido a fortes dores crônicas de cabeça, ele seria reprovado. Ele também foi impedido de participar de esportes.

Esse problema ficara escondido dos pais por vários meses. Acreditava-se que a perda de peso estivesse associada ao crescimento durante a adolescência, o qual pode ocorrer de forma acelerada. Ele havia começado a se interessar em cozinhar para a família, mas ninguém percebeu que ele não estava comendo o que preparava para os demais. Uma vez exposto o problema, os pais agiram rápido para encontrar ajuda para o filho, pesquisando alternativas para o tratamento. Em seguida, lhe ofereceram as opções de tratamento pela medicina ou pela Ciência Cristã, pela oração, que a família praticava desde que ele era um bebê, com resultados eficazes. Ele optou pela Ciência Cristã, entrou em contato comigo e eu aceitei o caso.

Eu sabia que a Mente divina regula e mantém os pensamentos e a vida do homem.

Entreguei o caso a Deus, em oração, e me preparei para ouvir atentamente como proceder

Nesse meio tempo, os pais tiveram uma reunião com o diretor da escola, o orientador, o professor da disciplina Saúde e a enfermeira da escola, a fim de informar a todos que o filho deles estava recebendo tratamento pela Ciência Cristã e pedir a eles que apoiassem a escolha do aluno. Os pais explicaram que o filho teria reuniões uma vez por semana e conversas diárias comigo, todas as manhãs, antes das aulas. A equipe da escola concordou e demonstrou muito respeito pela decisão do aluno. A enfermeira, por sua vez, solicitou aos pais o consentimento deles para observar o aluno durante o almoço e para verificar seu peso toda semana, para certificar-se de que ele não continuava a emagrecer. Os pais consentiram e, em casa, também monitoravam o comportamento do filho com relação à alimentação e, amavelmente, incentivavam-no a se alimentar de maneira normal e sadia.

Durante nossa primeira consulta não falamos sobre alimento, dieta, corpo ou qualquer coisa relacionada ao diagnóstico. Para mim a questão não era sobre controlar o alimento ou o corpo. Eu sabia que a Mente divina regula e mantém os pensamentos e a vida do homem. Parecia-me, também, que o excesso de argumentos, do ponto de vista espiritual, despertaria nele a mesma resistência que teria um grande prato de comida. Ele ainda não estava preparado para aceitar. Portanto, entreguei o caso a Deus, em oração, e me preparei para ouvir atentamente como proceder.

Fui inspirada a lhe pedir que alimentasse um pequeno e tristonho papagaio, do qual nossa família estava cuidando. Esse pequeno pássaro parecia sempre com raiva, agitado e gritava de forma contínua, mas era muito receptivo ao ser alimentado na mão. Assim, durante a primeira visita e nas subsequentes, ele alimentava o pássaro enquanto eu orava em silêncio. Lembro-me de, em minhas orações, ter pensado em um dos poemas de Eddy, intitulado “Amor”. A última estrofe tem um significado importante:

“Ó, vem da luta libertar
Quem esperança tem,
E com amor o saciar;
O Amor é Vida, o bem.
De paz nos fala ao coração,
No encontro e na separação”.
(Hinário da Ciência Cristã, 30)

Desde o começo, eu desejava compreender mais sobre o Amor divino, Deus, a quem eu estava cedendo todo o poder de influência nesse caso. Estava certa de que o Amor infinito, todo-poderoso, não palavras ou vontade pessoal, realizaria uma mudança sadia e libertaria esse jovem de sua luta contra o alimento e a imagem corporal. O poema de Eddy afirma que a criação de Deus não é alimentada por comida, mas é “saciada” por espelhar o “divino amor”, ou seja, ao refletir o Amor divino, que é Vida, Deus.

A enfermeira ficou curiosa a respeito do tratamento que ele recebeu, e a mãe deu-lhe um exemplar de Ciência e Saúde

Raciocinei que ambos, tanto o jovem quanto o pássaro, refletiam o Amor divino, e que esse reflexo do Amor, um amando o outro e se permitindo serem amados, era o que estava alimentando a ambos com o elemento mais essencial para o bem-estar. Dei-lhe tratamento diário da Ciência Cristã, e eu insistia no fato de que só o Amor divino era a fonte e o mantenedor desse jovem, e que nenhum poder poderia se opor ou limitar o impacto do Amor sanador. Essa mensagem do Cristo, do poder do Amor, testemunhada persistentemente em tratamento e oração, foi a chave para a cura.

Primeiro, depois de apenas alguns encontros, cessou o comportamento problemático do papagaio, de raiva e gritos incessantes. Ele se tornou calmo e contente. Não muito depois, a mãe do jovem relatou que, certa noite, enquanto seu filho esbravejava furiosamente contra comer seu jantar, ela saiu da sala e começou a orar silenciosamente. Seu filho, de repente, ficou quieto e começou a comer. Naquele momento, o comportamento destrutivo começou a desaparecer. Ele começou a comer normalmente, recuperou o peso e as enxaquecas crônicas pararam. Logo ele recebeu alta médica para voltar a participar dos esportes. Isso marcou o fim do distúrbio alimentar.

De fato, toda a situação foi resolvida em poucas semanas. Ao constatar a drástica mudança, a enfermeira da escola disse à mãe que nunca havia visto esse tipo de problema ser curado tão rapidamente, e que casos de anorexia podem se arrastar por anos. Ela ficou curiosa a respeito do tratamento que o rapaz recebera e, por essa razão, a mãe lhe deu um exemplar de Ciência e Saúde, que ela recebeu com alegria.

Só o Amor divino é a fonte e o mantenedor do ser espiritual, e nenhum poder é capaz de se opor ou limitar o impacto do Amor sanador

Lemos no livro Rudimentos da Ciência Divina, de autoria de Eddy: “A Ciência Cristã apaga da mente dos doentes a crença errônea de que vivem na matéria ou devido a ela, ou de que um pretenso organismo material controla a saúde ou a existência do gênero humano, e induz o repouso em Deus, o Amor divino, que cuida de todas as condições necessárias ao bem-estar do homem. Como é o poder divino que efetua a cura, por que haverão os mortais de preocupar-se com as propriedades químicas dos alimentos? Jesus disse: ‘Não andeis ansiosos quanto ao que haveis de comer’ ” (p. 12).

Ninguém está obrigado a ter um relacionamento disfuncional com o alimento ou com o corpo humano. Como o Amor divino é o sanador, ele também cuida das condições necessárias para o bem-estar do homem, com relação ao alimento. Minha oração para o mundo é que possamos compreender de tal maneira a natureza desse cuidado infinito do Amor divino e assim parafrasear livremente o verso de Burns:

Todos têm carne
que eles podem comer,
E todos podem comer o que
querem comer.
Sim, todos têm carne
que eles podem comer —
E por isso ao Senhor
agradecemos!

Artigo publicado originalmente na edição Christian Science Sentinel.

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