Através de gerações as mulheres sofreram por admitir que ser do sexo feminino acarreta certas suscetibilidades, tais como as dores periódicas. Para algumas, é uma crença fisiológica: de que as funções normais do corpo podem causar desconforto. Para outras, é uma crença teológica: de que o pecado original, proveniente de Adão e Eva, trouxe para sempre uma maldição para a humanidade. De qualquer modo, as mulheres se sentem indevidamente obrigadas a carregar esse fardo.
Mas será que esse sofrimento está de acordo com a lei de Deus? Não, não está. A lei de Deus é a lei do Amor divino, que traz o bem, não o mal, para Sua criação. A compreensão da lei de Deus, com efeito, já libertou do sofrimento muitas mulheres.
Para que haja essa libertação, é essencial compreender que o homem, nossa genuína identidade espiritual, é criado por Deus. O homem espiritual não é um homem ou uma mulher mortal, porém, mais precisamente, a idéia de Deus, o Espírito divino, que expressa qualidades masculinas e femininas. Através de oração consagrada chegamos a compreender que o que é verdadeiro sobre o homem espiritual, é verdadeiro sobre nós. E começamos a aceitar o que a Bíblia declara: "Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou." Gênesis 1:27.
Essa imagem de Deus, do Espírito divino, não é carne e sangue, nem homem, nem mulher. Os filhos do Espírito são inteiramente espirituais. Corporificam atributos espirituais, tais como mansidão, alegria, sabedoria e força. Nossa verdadeira identidade é completa, como reflexo de nosso Pai-Mãe Deus, incluindo tanto as qualidades paternais como as maternais.
Não há lugar para sofrimento nas qualidades espirituais que constituem nosso ser. Quando compreendemos que nossa identidade é totalmente espiritual e boa, esse conhecimento contribui para anular o medo ou a expectativa de sofrimento.
O que aparece para nós como vida mortal, é uma contrafação da criação. É um conceito errôneo da realidade espiritual. O livro do Gênesis descreve, alegoricamente, essa contrafação da criação. (Ver o capítulo 2, começando no versículo 6.) Ali encontramos a história de Adão e Eva, um mito que muitos aceitam, erroneamente, como fato. A história fala de como Adão foi feito "do pó da terra". E conta que Eva foi formada da costela de Adão, que Adão e Eva pecaram e, portanto, foram amaldiçoados. A Bíblia descreve a punição de Eva nestas palavras: "Multiplicarei sobremodo os sofrimentos da tua gravidez; em meio de dores darás à luz filhos." Gênesis 3:16.
Os estudiosos da Bíblia observam que há duas narrativas distintas nos primeiros dois capítulos do Gênesis. A Ciência Cristã nos mostra a diferença essencial entre elas. Em Ciência e Saúde, a Sra. Eddy escreve: "O primeiro relato atribui todo poder e governo a Deus e reveste o homem com a perfeição e o poder de Deus. O segundo relato descreve o homem como mutável e mortal — como se ele se tivesse separado da Divindade e estivesse girando em órbita própria." No parágrafo seguinte, ela acrescenta: "Esse segundo relato conta inequivocamente a história do erro nas suas formas exteriorizadas, chamadas vida e inteligência na matéria." Ciência e Saúde, p. 522.
À medida que, devotamente, nos identificamos com o verdadeiro relato da criação, ou seja, o homem feito à própria imagem de Deus, descobrimos algo mais de nossa inteireza espiritual. A feminilidade não é diminuída, porém favorecida pela inclusão de força, coragem e sabedoria. Da mesma forma, a masculinidade é fortalecida pela inclusão de ternura, paciência e compaixão.
Compreender que nossa natureza deífica é semelhante a Deus, também silencia as dores associadas à mulher. Em tal caso, podemos discernir, através da oração, que a verdadeira identidade espiritual é intocada pelas funções fisiológicas. Os descendentes do Espírito estão isentos das pretensas leis da matéria, que não têm fundamento na lei de Deus.
Por certo, conseguir a imunidade contra dores não é um processo que ocorre da noite para o dia. Não é uma coisa que podemos fazer uma vez e depois esquecê-la. Temos de pensar em nós mesmos, coerentemente, como sendo espirituais. Temos de deixar nossa vida testemunhar nossa consagração ao que é divino, refletir a pureza e a santidade do Espírito. O Cristo, a idéia salvadora de Deus, atua conosco nesse empenho correto.
Há mais de dez anos atrás, fui alertada para contradizer o desconforto associado com o ciclo menstrual. Lembro bem a ocasião em que meu pensamento sobre esse assunto mudou. Ouvi um testemunho que relatava como outra estudante de Ciência Cristã havia se libertado de intensas dores menstruais. Durante muitos meses ela persistira em contestar a crença de que é normal sofrer. Em sua oração, identificou-se como filha de Deus, pura, espiritual, perfeita. Embora o progresso viesse gradualmente, ela, com insistência, se impôs a convicção espiritual de que a liberdade é ordenada por Deus e, portanto, inevitável. Cada menstruação tornou-se menos dolorosa, até ela ficar completamente curada.
Até então, eu tinha sido indiferente a esse tipo de dificuldade. Considerava-a desconfortável, mas não debilitante. Agora compreendo que eu havia tolerado uma imposição, um conceito errôneo sobre mim mesma e sobre todas as mulheres, como tendo sido amaldiçoadas. Encorajada pela experiência que ouvira, resolvi exigir minha herança como filha amada e abençoada por Deus. Estudei o relato da criação espiritual, no primeiro capítulo do Gênesis, e me identifiquei com ele. Afirmei que o sonho de Adão e Eva nunca fora, em momento algum, meu sonho.
Para mim, a cura foi relativamente rápida. Inspirada pelo exemplo de outrem e fortalecida pela compreensão de feminidade espiritual, eu fui libertada, sem luta. Isso foi há mais de dez anos. Que alívio ter o corpo funcionando normalmente, porém sem o menor desconforto!
Ninguém está sob uma maldição fisiológica ou teológica. As idéias de Deus, Seus filhos queridos, são eternamente puras e livres. À medida que reivindicamos nossa herança espiritual, vemos que não há causa para o sofrimento. E a Bíblia nos assegura que "a maldição sem causa não se cumpre" Prov. 26:2..
