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Velho demais para encontrar emprego?

Da edição de junho de 1990 dO Arauto da Ciência Cristã


A idade não deve excluir-nos da sociedade, tanto no que se refere a nossa capacidade de colaborar, quanto a nossa habilidade de realizer-nos, de aprender e de dar. O relato seguinte ajuda a ilustrar que adquirir compreensão de Deus, que é Vida e Amor sem fim, e aprender a colocá-Lo em primeiro lugar nos nossos afetos, tem muita importância sobre a maneira de viver, de amar e de trabalhar. , mãe e avó, ex-jornalista e estudante de Ciência CristãChristian Science (kris'tiann sai'ennss) há muito tempo, conta uma experiência muito significativa sobre a questão de emprego.

No dia em que tive de enfrentar um divórcio e a perda de minha casa, eu estava afastada de minha carreira profissional. Aposentarame fazia um ano e morava numa cidade no alto da montanha. Eu tinha sessenta anos de idade.

De início, veio um sentimento arrasador de humilhação. A seguir, veio a raiva. Eu achava que tinha sido boa esposa, que havia feito tudo. Vinha trabalhando na igreja e lecionava na Escola Dominical e estudava a lição bíblica Encontrada no Livrete Trimestral da Ciência Cristã. todos os dias. Achava não ser merecedora desse clímax injusto. Também estava preocupada por não ter dinheiro próprio. Nosso filho de doze anos e eu não tínhamos para onde ir e eu não conseguia ver como me reintegrar na força de trabalho.

Fomos acolhidos temporariamente na casa de uma prima, Cientista Cristã, sentindo-me eu inteiramente tomada de comiseração própria e completamente confusa. Lembrei o que Cristo Jesus havia dito aos discípulos, quando estes se achavam perdidos de dor, confusos e haviam tentado voltar ao seu antigo modo de viver, isto é, à pesca: "Lançai a rede à direita do barco, e achareis." João 21:6. Mas eu não tinha idéia de como fazê-lo. Minha prima, viúva recente, não fez muito caso de minha comiseração própria. "O que você precisa", disse com toda franqueza, "é voltar a trabalhar."

"Mas estou velha demais para encontrar emprego de novo", argumentei.

Emprego, recordou-me ela, é a atividade de idéias corretas. E, para as idéias corretas, não existe limite de idade. "Você tem amplo acesso a estes livros", disse. "Use-os!" E apontou na direção dos meus livros, a Bíblia e Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, de autoria da Descobridora e Fundadora da Ciência Cristã, Mary Baker Eddy. A lição-bíblica dessa semana ainda estava por ser lida. Ela colocou nas minhas mãos o Hinário da Ciência Cristã e saiu da sala. Peguei o Hinário e o abri no hino nº 324. Foi aí que minha cura teve início.

O hino começa assim: "Minha vida consagrei / Toda a Ti, ó meu Senhor." Pensei inicialmente: O que é a vida? Será que é realmente esse emaranhado de fracassos e mágoas humanas, à moda das novelas que vemos na televisão, um desastre perpétuo? Não, não é isso. Vida é a consciência de Deus, da presença constante de Seu poder. O dicionário descreve a palavra consagrar como "declarado sagrado, devotado a um fim sagrado". Bem, será que eu realmente vinha agindo assim, consagrando minha vida a Deus? Não, pois meus pensamentos estavam cheios de raiva, ressentimento, suspeita e vingança. Isso, por certo, não significava consagração a um bom propósito. Por isso tomei a decisão de empenhar-me mais em consagrar minha vida a Deus, o bem.

"Os meus dias todos são / Um tributo em Teu louvor." Vi que dar louvor era melhor do que ficar a lastimar-me. Assim, coloquei louvor na mesma lista com a consagração. O hino continua: "Minhas mãos só agirão / Ao impulso do Amor." Eu estava hospedada na casa de minha prima e ela fora à igreja e, na pia, ficara alguma louça por lavar. Levantei-me da cadeira e lavei a louça a fim de que minhas mãos se movessem ao impulso do amor de Deus.

E o hino continua:

Eis meus pés, que estarão
Prontos para Te seguir;
Minha voz, eis a cantar,
Exaltando-Te, ó Rei.
Eis meus lábios, que serão
Mensageiros só do bem.

Eis inteiro meu pensar,
Meu desejo é Te servir.
A Teus pés eu vim depor
Meu tesouro e meu amor.
Teu eu sou, ó Deus e Rei,
No presente e no porvir.

Durante todos aqueles anos, meu amor estivera centrado principalmente em uma só pessoa. Agora eu percebia que era preciso concentrá-lo em Deus. Isso me proporcionou um sentimento mais elevado de amor e eu me dispus a expressá-lo. A Sra. Eddy escreve em Ciência e Saúde: "Tudo o que mantém o pensamento humano em linha com o amor abnegado, recebe diretamente o poder divino." Ciência e Saúde, p. 192. Eu era capaz de amar com altruísmo; eu era capaz de dedicar minha vida a Deus. E eu era capaz de amar o meu próximo como a mim mesma. Era capaz de amar quem e o que encontrasse pela frente.

Pouco tempo depois, uma amiga me remeteu um material de propaganda de uma escola secundária. Disse ela: "Por que você não escreve para essa gente e vê se ali lhe podem dar trabalho." Escrevi e eles me responderam, dizendo: "É provável que tenhamos uma vaga para você, mas é preciso que venha para uma entrevista pessoal." A escola distava mais de dois mil e quatrocentos quilômetros! Tomei emprestado um jipe e fui com meu filho até a escola. Foi feita a entrevista. Ofereceram-me trabalho e meu filho freqüentaria a escola sem pagar. Aceitamos.

Comecei a trabalhar na campanha para angariar fundos. Eu tinha todas as qualificações e as ferramentas necessárias. Mas eu ainda sentia raiva contra meu ex-marido e em pouco tempo também comecei a sentir raiva da escola, de todo o mundo. Não era o céu que eu pensei que seria. Havia rivalidade, mexerico e mesquinhez. Eu tinha de dar um jeito na coisa. Por isso estudei estas palavras do livro Ciência e Saúde: "As idéias imortais, puras, perfeitas e duradouras, são transmitidas pela Mente divina através da Ciência divina, que corrige o erro mediante a verdade e exige pensamentos espirituais, conceitos divinos, a fim de que estes possam produzir resultados harmoniosos." Também estudei outra afirmação que consta na mesma página: "A compreensão crística acerca do ser científico e da cura divina inclui um Princípio perfeito e uma idéia perfeita — Deus perfeito e homem perfeito — como base do pensamento e da demonstração." Ibid., p. 259. Dei-me conta de que era preciso que eu realmente amasse meu ex-marido e o perdoasse.

Ciência e Saúde diz: "O Amor é imparcial e universal na sua adaptação e nas suas dádivas." Ibid., p. 13. Quando se ama de verdade, esse amor é impessoal; ama-se o homem real, a imagem e semelhança espiritual de Deus. Quando passei a amar desse modo, a dor, o desapontamento e a frustração começaram a esmaecer. Comecei a desenvolver a faculdade de não me deixar enganar pela ilusão da mortalidade e a contemplar e amar a natureza real e espiritual das pessoas, sem me importar quem elas fossem. À proporção que praticava isso, sentia-me realmente contente e era bem sucedida. À medida que meu pensamento se ampliava num sentido mais elevado de amor, minha vida era igualmente ampliada.

Recebi aumento de salário e fui incumbida de funções mais elevadas. Trabalhava com as crianças e gostava muito do que fazia. Tomei aulas de modelagem em barro, pus-me a pintar, a escrever e até mesmo a fotografar.

Minha atitude para com o fato de ter de trabalhar num emprego também mudou, no decorrer de toda essa experiência. Durante muitos e muitos anos nunca tinha estado sem algum tipo de emprego. Para obtê-los, eu dependera da habilidade técnica e da vontade própria. Isto é, eu dizia: "Sou capaz de fazer isto. Sou capaz de obter um emprego", ao invés de afirmar: "Deus tem um lugar para mim." Deus estava "bem ali", mas eu pensava que dependia realmente de minhas aptidões e de minha maneira de trabalhar duro. Por isso, foi especialmente difícil enfrentar a situação depois de aposentada e ter de voltar, repentinamente, a trabalhar num emprego. Só a essa altura passei a pensar mais espiritualmente acerca de emprego.

Comecei a ver, graças à Ciência Cristã, que dar duro no trabalho não é o suficiente. Nosso emprego tinha de ser para a glória de Deus. E quando nossa atividade é para a glória de Deus e não para nossa própria glória, realmente temos muito a fazer. Estamos plenamente empregados o tempo todo.

Pus-me assim a orar pela escola, reconhecendo que ela não era governada por pessoas, mas por Deus. À certa altura, a escola teve de demitir muitos dos professores por não haver verba suficiente para manter todos os empregados. Foi difícil para todos. Recordo-me de haver orado: "Deus, ajuda-me a ajudar a escola." Foi interessante o que ocorreu. Naquele verão fiz uma viagem ao Havaí e enquanto estava lá alguém me falou num programa de hospedagem temporária. Voltei à escola e disse: "Vejamos se nos é possível participar desse programa, pois há necessidade de um lugar para essas atividades durante os meses de verão." E sabem o que aconteceu? participamos do programa e, desse modo, nossas instalações foram úteis na temporada de verão. Foi uma solução permanente. As pessoas da escola, que durante o verão estavam desempregadas, passaram a trabalhar nas atividades de hospedagem.

Minha experiência toda nessa escola foi muito recompensadora, tendo trabalhado com adolescentes e em promover a melhoria do ensino. Durante os vinte anos que ali estive, aprendi novas aptidões, fiz diversas viagens ao exterior, lecionei, trabalhei como coordenadora do programa de assuntos mundiais; escrevi, projetei e foram publicados muitos folhetos de caráter promocional, catálogos escolares e ainda a história da escola. Aqueles foram anos de realizações, anos frutíferos. Embora hoje esteja aposentada (pela segunda vez!) há vários anos, ainda vivo muito ocupada.

O que prova tudo isso? Provou-me que não existem limites nas atividades do homem. Portanto, não existe fim para o vigor, para o aprendizado; nenhuma necessidade de aceitar o isolamento ou o fracasso; nenhuma necessidade de sucumbir a qualquer forma de deterioração. Verdadeiramente, nunca somos velhos demais para trabalhar, se estamos dispostos a perceber as idéias corretas, as verdades espirituais e colocá-las em ação por consagrarmos nossa vida a Deus e a aprender a amar como Ele ama.

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